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Enviada em: 26/07/2018

Na obra ''Clan do Jabuti'', o escritor Mário de Andrade apresenta a diversidade da cultura e da língua brasileira através do folclore, das matrizes africanas, indígenas e sertanejas além dos costumes e linguagens específicas de diferentes regiões. Contudo, hodiernamente, tal diversidade não vem sendo reconhecida, haja visto que, as práticas do preconceito linguístico fazem-se presente. Nesse contextos, cabe analisar sobre como o ensinamento na escola e a tentativa de imposição de que a norma culta é a única coerente influenciam na problemática em questão.   É indubitável que o método como a gramática é ensinada no ambiente escolar esteja entre as causas do problema. Tal fato se reflete na inexistência do estudo das variações linguísticas conforme o grupo social ou a região territorial, e devido a ausência de ensinamento por parte das escolas aos alunos, a intolerância pode ser semeada, pois, deixa a entender que aqueles que não seguem as normas formais apresentadas nos livros didáticos, falam de maneira incoerente.   Vale ressaltar, também, que a errônea tentativa de impor a linguagem culta em todos âmbitos ou a todos grupos sociais atua como agente ativo no impasse em questão. Isso porque, segundo o linguista e escritor brasileiro, Marcos Bagno, em sua obra ''Preconceito Linguístico'', a norma culta apresenta parcialidade e contextos no qual deve ser empregada, com isso, não pode ser autoritariamente  aplicada a todo resto da língua, visto que, o Brasil apresenta grande diversidade cultural e tal aplicação só atua na exclusão social de classes menos favorecidas e fomenta a ideologia que gera o preconceito linguístico.   Nesse contextos, medidas são necessárias para combater o imbróglio em questão. Para que isso ocorra, cabe o Ministério da Educação (MEC) junto às escolas trabalhar na inserção do estudo das variações da língua através das disciplinas de língua portuguesa e gramática, com o propósito de promover o conhecimento e respeito à fala de diversos grupos sociais. Além do mais, cabe ao Estado junto aos canais midiáticos investir em propagandas e oficinas que visam aumentar o reconhecimento da pluralidade da fala em nossa sociedade, com o intuito de que o tecido social brasileiro se desprenda de ideias errôneas para que não viva a realidade das sombras, assim como na alegoria de Platão.