Materiais:
Enviada em: 29/07/2018

Uma herança histórica       Dentre tantas características que compõe uma nação, indubitavelmente, a língua vernácula é umas das mais importantes, ela permite comunicação e cria um elo sobre toda a sociedade. Pelo fato do Brasil estar em um constante processo de formação de identidade cultural, o país possui inúmeras variantes linguísticas, contudo, muitas destas são consideradas errôneas e as pessoas que fazem uso delas inferiores, quando comparadas aos falantes da chamada norma culta da língua portuguesa.       De forma geral, em todas as sociedades contemporâneas há a existência de inúmeras variedades linguísticas que são determinadas pelo gênero, idade, processo histórico e formação sociocultural do falante. No Brasil, há a preponderância da influência da formação histórica e sociocultural, fortalecidas, no século XVIII, durante o processo imigratório europeu. Por conseguinte, houve o estabelecimento de diversas etnias no território brasileiro, tal acontecimento influenciou na fusão da cultura desses povos, o que corroborou para o surgimento de vertentes linguísticas secundárias, as quais embora fossem de encontro à língua primordial, nunca deixaram de pertencer a mesma.       Com isso, a norma culta e a linguagem falada foram materializadas em estereótipos, a fim de separar a população em dois grupos: os indivíduos falantes do modo considerado correto, pertencentes à elite da época, e os que faziam uso de outras variantes, pertencendo à população dos subúrbios. Todavia, essa realidade sofreu alterações com a chegada do Modernismo, onde os artistas tinham como ideal a valorização da língua falada e cisma com a ideologia elitista geradora de preconceito. O Manifesto do Pau-brasil, de Oswald de Andrade, foi o principal percursor para que essa premissa fosse levada adiante, entretanto, mesmo com o movimento, tais fatos se permutam na contemporaneidade e, muitas vezes, as pessoas que não possuem um vocábulo gramatical considerado correto sofrem críticas e são excluídas socialmente, o que pode gerar trauma e, até mesmo, depressão.       De acordo com Rousseau, o homem é o produto do meio em que vive, portanto, é de suma importância que haja um rompimento do ideal sem escrúpulos de superioridade, pois enquanto houver a existência desta ideologia e o homem continuar a viver envolto dela, outras vertentes da língua portuguesa continuarão a ser subestimadas, e seus falantes vítimas de preconceito. À vista disso, um projeto ministrado pelo Ministério da Educação disponibilizará aulas para as escolas do Brasil, a fim de explanar de forma mais específica as inúmeras variantes linguísticas existentes no Brasil e toda história de suas origens. Dessa forma, por fim, todas as vertentes poderão coexistir de forma equitativa, para que seja possível a continuação do processo de formação da complexa identidade cultural brasileira.