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Enviada em: 03/08/2018

Sotaques. Gírias. Expressões. Abreviações. Esses são alguns componentes da variação linguística brasileira. Apesar da diversa "miscigenação linguística" no Brasil, o preconceito linguístico vem ganhando força no cenário atual brasileiro, isto é, a discriminação pela forma de falar. Nesse sentido, tal faceta enfatiza a exclusão e a desigualdade social e, ainda, diminui não só sentimento de empatia social como também o de alteridade.  O autor parnasiano Olavo Bilac - grande amante da forma poética - visava à máxima utilização da norma culta gramatical em seus poemas, gerando uma valorização pela classe média/alta por essa prática. Contudo, a população mais pobre sofreu os impactos negativos,  já que, a maior parte, não possuía o domínio da normal culta por falta de acessibilidade, enfatizando, assim, a desigualdade entre classes. Seguindo essa linha de raciocínio, o autor Marcos Bagno diz que, o preconceito linguístico é responsável pela intimidação social, porque coloca em face a norma culta versus a fala do dia-a-dia, o que deixa claro que as pessoas que não usam corretamente a norma, são seres "inferiores". Logo, a discriminação pelo modo de fala torna-se preocupante.  Além disso, a falta do sentimento de empatia pela maior parte da população brasileira em relação as pessoas que apresentam certa variedade de fala, como por exemplo, os gaúchos e os baianos, é cada vez mais visível.  Isso é observado desde a publicação da obra "Urupês", no século XX, por Monteiro Lobato, o qual deixa claro em sua obra o esteriótipo criado no que se refere à personagem Zeca Tatu por seu modo de falar. Em suma, na base socióloga, a alteridade é cada vez mais desprezada quando se trata de olhar para a cultura do outro com empatia, afim de evitar o preconceito linguístico.  Fica claro, portanto, que a intolerância à variação linguística é um fator de retrocesso brasileiro. Para diminuir tal preconceito, é dever das escolas promover, nas aulas de Português, o aprofundamento no conhecimento das variações linguísticas de cada região, por meio de discussões interdisciplinares em relação ao preconceito linguístico, para que, assim, a intolerância seja amenizada. Ademais, cabe ao Ministério da Cultura divulgar campanhas para a população brasileira que informem a exclusão social causada por tal discriminação, a fim de desconstruir os esteriótipos criados para determinados falantes. Por fim, o preconceito linguístico permanecerá nas histórias de Monteiro Lobato.