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Enviada em: 28/08/2018

A linguagem humana tem como objetivo a interação com outros indivíduos por meio da comunicação, essa interação é feita a partir da Língua, que é culturalmente determinada. No Brasil, país de grande pluralidade cultural, a Língua Portuguesa é comum a todos, no entanto, pela diversidade de culturas espalhadas pelo território, há a chamada variação linguística que se manifesta na fala por meio de sotaques, gírias e regionalismos e varia de acordo com o contexto histórico e a cultura local. Essa variação linguística tem se tornado motivo para um tipo de preconceito - o preconceito linguístico- que tira o direito de fala de várias pessoas que se expressam por formas que não recebem prestígio social.             Em primeiro lugar, é importante destacar que o preconceito linguístico está relacionado com a ideia de que a forma gramatical, que é a ensinada nas escolas, é, também, a forma correta de se comunicar, quando, na verdade, a Língua e suas variações são responsáveis pela comunicação. Essa concepção distorcida de que a gramática normativa é a forma correta da Língua falada gera problemas até mesmo no ambiente escolar, pois jovens que não se comunicam com base na norma gramatical, que é a que mais recebe prestigio social, acabam se intimidando por medo de serem corrigidas e isso pode gerar não só problemas de sociabilidade como também problemas psicológicos nesses indivíduos.             Ademais, o Brasil ,além de ser um país de imigrantes, conta com uma vasta área territorial, o que permitiu que diferentes sotaques, gírias e regionalismos surgissem quando a integração entre as regiões era rara. Hoje, no entanto, a integração é uma realidade e gera, muitas vezes, ações preconceituosas com a forma de falar do outro, o que pode, inclusive, ferir a cultura do indivíduo que sofre com esse tipo de preconceito, já que a variedade linguística varia de acordo com a cultura local e com o contexto histórico em que a pessoa está inserida.             Fica claro, portanto, que a Língua não é homogênea e nem estática e que o preconceito linguístico deve ser combatido. Para isso, é importante que o MEC -Ministério da Educação- em parceria com as escolas incentive aulas, palestras e atividades lúdicas sobre variação linguística para todas as faixas etárias, a fim de desconstruir a ideia de que a gramática normativa é, também, a única e correta forma de se comunicar. Além disso, cabe ao poder Legislativo criar uma lei que torna o preconceito linguístico um crime, já que esse tipo de intolerância acaba ferindo a cultura e, por consequência, o direito de diversidade cultural de quem sofre com esse tipo de preconceito.