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Enviada em: 04/08/2018

O preconceito linguístico no Brasil é muito recorrente, o que é até um paradoxo, haja vista que o país é desigual no que diz respeito ao acesso à uma boa educação, sendo tal restrita à uma pequena parcela da população. Esse preconceito está relacionado, principalmente, à condição social dos falantes e à região de onde eles vêm. Como consequência disso, há o constrangimento pessoal e a taxação de um rótulo sobre as pessoas de tal classe social ou lugar.  Na língua portuguesa, a linguagem tem por principal finalidade o estabelecimento da comunicação e compreensão entre duas pessoas. Apesar de haver níveis de linguagem, esse não pode se sobrepor ao seu principal objetivo, levando em consideração que eles servem apenas para nivelar a ocasião como formal ou informal. Ademais, quando uma pessoa julga ignorante e oprime outra por um uso de vocabulário restrito, ela se mostra incapaz de nivelar o seu para garantir a função da linguagem, tornando-se tão ignorante quanto. Além disso, a variação linguística regional é um recorrente alvo de preconceito e rotulação. As pessoas do Nordeste, por exemplo, são conhecidas pelo sotaque "excêntrico" e, por isso, são frequentemente julgadas. Entretanto, essa região foi berço de grandes nomes da literatura brasileira, como os imortais da Academia Brasileira de Letras: Augusto dos Anjos, com uma linguagem técnico-científica; Ariano Suassuna e Jorge Amado, ambos com uma linguagem popular e com traços nordestinos. Dessa forma, percebe-se que a presença de traços linguísticos característicos não configura uma ausência de conhecimento, e sim uma herança cultural.  Nesse viés, é notório que o preconceito linguístico é uma prática de alto nível de ignorância e deve ser combatido. Para isso, o Estado brasileiro deve criar uma lei que estabeleça uma punição, variando entre multas e cárcere, para pessoas que constrangem outras por preconceito linguístico. Além disso, é dever fundamental da Escola garantir que seus alunos saibam não só a gramática normativa como também adequar e respeitar os níveis de linguagem. Por fim, estabelecer o dia 21 de março como Dia Nacional de Combate ao Preconceito Linguístico, com campanhas que conscientizem as pessoas sobre a importância de se respeitas as heranças históricas e culturais presentes na linguagem brasileira.