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Enviada em: 05/08/2018

Em seu poema "Pronominais" o escritor modernista Oswald de Andrade buscou reduzir a distância entre a língua falada e a escrita, características muito presentes no então Parnasianismo. Esse distanciamento persiste hodiernamente como consequência da grande diversidade linguística do Brasil. Porém, essa variedade não é bem compreendida e aceita por parcelas da população, o que tem promovido o chamado preconceito linguístico, àqueles que por ventura se expressam de forma diferente à dita correta e gramatical. Essa discriminação tem como principais causas o preconceito social e a ausência de uma educação contextualizada.         Em primeira análise, deve-se considerar que o preconceito social, ou seja, a ideia que classes mais favorecidas são melhores e mais educadas, legitima o conceito de língua certa ou errada e contribui para exclusão e humilhação de milhares de pessoas. Sobre isso, o escritor Marcos Bagno em seu livro: Preconceitos Linguísticos, destacou que a linguagem se constitui como um dos principais instrumentos de controle e coerção social nos últimos tempos e que esses ditos "erros de fala" na verdade não existem. Ou seja, o que há são variações de uma mesma língua expressadas por diferentes pessoas e em diferentes contextos sociais e econômicos.       Dessa maneira, tendo em vista esses aspectos, deve-se observar que o ensino da língua portuguesa nas escolas se dá de forma linear e homogênea, quando se espera que todos tenham a mesma experiência com a fala e a escrita, independentemente de suas conjunturas culturais. Esse fator tem contribuído para a discriminação, principalmente dentro das salas de aulas, causando constrangimentos a pessoas que falam com sotaques ou expressões diferentes do considerado gramaticalmente correto. Acerca dessa dita inadequação lexical, o educador Paulo Freire foi enfático ao dizer que "não há saber mais ou saber menos, há apenas saberes diferentes", conceito necessário à educação brasileira atualmente.       Torna-se evidente, portanto, que o preconceito linguístico é um problema social que contribui para a marginalização de milhares de pessoas e exige intervenções eficazes. Para tanto, faz-se necessário que o Governo Federal, através do Ministério da Educação, implemente um programa de valorização e popularização da língua portuguesa, promovendo a divulgação de culturas locais nas escolas, a fim de conscientizar alunos e sociedade sobre a pluralidade da língua portuguesa. Além disso, é primordial que professores sejam capacitados pelas secretarias estaduais/municipais de educação, visando promover o engajamento entre o ensino da gramatica e a linguagem coloquial característica de cada região do país. Assim, será possível combater essa forma de segregação social no Brasil.