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Enviada em: 14/08/2018

Peleumonia - essa foi a palavra que um paciente usou para fazer um questionamento ao médico, poderia ter sido somente mais um dia normal, no entanto, o doutor resolveu tirar foto, postar na internet e fazer piada em cima da fala do paciente. Esse caso verídico reflete como o preconceito linguístico está presente na sociedade brasileira. E traz a reflexão: se o objetivo principal da linguagem é transmitir uma mensagem e ser compreendido, o que nesse caso obviamente o paciente conseguiu, por que debochar de alguém que falou diferente? Nesse contexto, é necessário buscar as razões e pensar em soluções que resolvam a problemática.       Convém ressaltar, a princípio, que a língua é viva e mutável. No Brasil, em consequência de constantes transformações, da pluralidade étnica e cultural e também por conta das distâncias continentais surgem diversas variações na linguagem, que de certo modo são diferentes da norma padrão. Essas diferenciações, por vezes, causam o preconceito linguístico. Tal fato, ocorre quando existe a percepção de uma variante ser superior a outra e a norma padrão ser considerada a língua legítima. Dessa forma, instala o pensamento de que quem se comunica fora dos padrões gramaticais está errado.       Ainda nesse viés, é necessário destacar, que não existe problema nenhum em usar as mais diversas formas de variantes. Cada qual tem seu lugar de uso e sua adequação e é necessário desmistificar o conceito de língua superior e correta. Visto que, tal fato pode se tornar um problema quando, de acordo com o entendimento de Pierre Bordier, as classes dominadas reconhecem a existência da língua legítima mesmo sem conhecê-la e as classes dominantes usam essa diferenciação para ascensão, manipulação e segregação social.         Diante dos fatos supracitados, é necessário que o governo por intermédio do MEC, implante na grade curricular das aulas de linguagens discussões sobre o tema. Mediante trabalhos em grupo, debates e produções de texto,  os quais os alunos usem as diversas variantes e aprendem quais as situações que cada uma se adequa. Visando, dessa forma, ampliar o repertório sociocultural e mostrar a importância dessa pluralidade de modos de falar para nossa identidade regional, cultural e pessoal. Além disso, a mídia deve apresentar para a população propagandas que valorizem a diversidade linguística e as particularidades de cada uma. E assim, com essas medidas em conjunto, a população perceberá que a riqueza multilinguística do Brasil o torna um país único e que rir de alguém que falou de uma forma diferente não faz o menor sentido.