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Enviada em: 15/08/2018

Desde o iluminismo, entende-se que uma sociedade só progride quando um se mobiliza com o problema do outro. No entanto, quando se observa o preconceito linguístico, no Brasil, hodiernamente, verifica-se que tal preceito iluminista é constatado na teoria e não desejavelmente na prática e a problemática persiste intrinsecamente na realidade do país, seja pela supervalorização de uma variedade denominada padrão, seja pela falta de informação que o ato de segregar pessoas pela seu modo de falar é crime. Nesse sentido, é crucial analisar as principais consequências de tal postura negligente à sociedade.        Em primeiro lugar, é indubitável que a questão constitucional e a sua má aplicação estão entre as causas dessa adversidade. Segundo o filósofo Aristóteles, a política deve ser utilizada para que, por meio da Justiça, seja possível atingir o equilíbrio social. De maneira análoga, pode-se observar que a elevação de uma norma padrão rompe com a harmonia teorizada pelo filósofo, haja visto que milhares de pessoas padecem nas escolas e nas entrevistas de emprego pelo seu linguajar. Lastimavelmente, tal ato fere o Artigo 5° da Constituição, que garante a igualdade entre todos os indivíduos, não importando sua cor, seu sexo ou seu modo de falar.        Outrossim, destaca-se a falta de informação como impulsionador do problema. De acordo com Durkheim, o fato social é uma maneira coletiva de agir e pensar, dotada de exterioridade, generalidade e coercitividade. Seguindo essa linha de raciocínio, percebe-se que a pouca divulgação de conhecimento a respeito do preconceito linguístico, a utilização de personagens que falam com gírias e jargões como personagens em segundo plano pelas novelas na televisão e a falta de discussão sobre esse ato nas escolas são as principais causas para a acentuação dessa problemática nesse país. Nesse sentido, é importante o papel estatal na superação de tal mazela sociocultural.        É evidente, portanto, que há entraves para garantir a solidificação de políticas que visem à construção de um mundo livre do preconceito linguístico. Destarte, o Ministério da Educação deve reformular as grades curriculares dos cursos de Letras para que seja discutido com mais veemência a importância de entender sobre as diversas variedades do Brasil. Como já dito pelo pedagogo Paulo Freire, a educação muda as pessoas, e essas mudam o mundo. Logo, as escolas devem instruir os professores a trabalharem, por meio de oficinas de teatro, as variedades para que seja possível levar os projetos às praças e, assim, haja uma difusão conhecimento para uma parcela maior da sociedade civil. Espera-se, com isso, que seja possível reduzir o preconceito linguístico no Brasil.