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Enviada em: 16/08/2018

Charles Darwin, naturalista inglês do séc. XIX, propôs a famosa teoria da seleção natural, a qual defende que organismos mais bem estabelecidos têm maiores chances de sobreviver e, assim, sobrepor os menos adaptados num determinado sistema. Analogamente, a imposição da norma culta, como variante linguística mais aceita socialmente, é um preconceito depreciativo e, como efeito , acaba por suprimir e segregar diferentes manifestações da língua, que compõem a diversidade cultural brasileira.               Em primeira instância, convém ratificar que o Brasil é um país de proporções continentais, logo, aspectos regionais, culturais e sociais são responsáveis pelas várias formas pelas quais o idioma se expressa. Entretanto, é sabido que a cultura de valorização europeia, enraizada no Brasil desde a vinda da Coroa lusitana, perpetuou na sociedade ocidental a supervalorização de formatos mais estéticos e cultos da língua. Essa conjuntura, corrobora, indubitavelmente, a gênesis do preconceito linguístico na nação brasileira.               Sob esse viés, é evidente que a intolerância para com as diferentes expressões da linguagem é responsável por depredar, e às vezes extinguir, aspectos culturais característicos de determinados registros. Esse contexto, ilustra-se facilmente a partir da análise do atual modelo de ensino básico do Brasil, uma vez que a norma culta é o mecanismo pelo qual se ensina o português e, por meio deste, avalia-se o domínio linguístico dos alunos. Ou seja, ignora-se, evidentemente, o processo de formação intelectual (advindo dos fatores citados acima, tais como regional e social) do aluno, impondo-o, como única modalidade correta e aceita, o registro culto da língua; executando, assim, o que diz a teoria de Darwin.             Diante dos fatos supracitados, urge, portanto, que o Poder Público em consonância com o (MEC) elaborem projetos interventores, como o incentivo ao estudo das variações linguísticas e o respeito no que tange aos diferentes registros e suas aplicações. Ocorrerá por meio de ação conjunta dos profissionais da educação, em palestras e ações sociais, sob o intuito de elucidar a população quanto ao tema. Dessa forma, será possível frear a supressão da variedade cultural da língua e atenuar o preconceito enraizado na sociedade, responsável pelo Darwinismo linguístico.