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Enviada em: 10/10/2018

Segundo as palavras do linguista Max Weinreich: 'A língua é um dialeto com exército e marinha', essa frase reforça a ideia de que a linguagem é uma unidade viva e mutável, a qual está constantemente sofrendo mudanças ao longo do tempo. Nesse sentido, devido a essas variações, o preconceito linguístico surge, o qual inferioriza e exclui os dialetos, principalmente, da população menos abastada. Sob essa ótica, alguns entraves devem ser levantados para mitigar esse problema, como a metodologia de ensino nas escolas e o preconceito intrínseco da sociedade.       Em primeiro lugar, ressalta-se o engessamento do ensino da Língua Portuguesa no Brasil. Segundo uma reportagem realizada em 2017 pela 'TV Band', o material escolar utilizado nas escolas públicas tem uma metodologia atrasada em mais de 30 anos. Nesse sentido, o aprendizado é baseado apenas na norma padrão da língua, priorizando a gramática e negligenciando a forma oral, a qual possui diversos dialetos e variações ao longo do país. Nessa perspectiva, o aluno é condicionado a aceitar apenas uma forma da linguagem e, assim, considerar errônea qualquer forma de variação linguística existente no Brasil, desenvolvendo, portanto, um preconceito para quem não possui tal conhecimento.       Por conseguinte, essa forma de ensino reflete numa sociedade que carrega princípios excludentes e marginalizadores, os quais não conseguem lidar com a diversidade cultural e os regionalismos presentes na linguagem das diferentes regiões do Brasil. Além disso, incentivam a marginalização e exclusão das pessoas que não tem acesso à essa educação. Esse comportamento pode ser verificado no livro 'Vidas Secas', do escritor Graciliano Ramos, onde a personagem Fabiano, homem rude e pobre, é constantemente retaliado e excluído pela sua extrema dificuldade em comunicar-se com os outros utilizando a linguagem padrão. Logo, fica claro o preconceito linguístico impregnado numa sociedade que não consegue conviver com as diferentes formas de se expressar.       Fica evidente, portanto, a necessidade uma intervenção dos poderes públicos e da sociedade civil. Cabe ao Ministério da Educação atualizar o PNE (Plano Nacional de Educação), com o intuito de reformular e atualizar a metodologia dos livros e o ensino em geral da Língua Portuguesa, valorizando a diversidade e os regionalismos linguísticos, para que, o jovem, ao iniciar os estudos, possa lidar melhor com as variantes desde a infância. Ademais, cabe à Secretaria da Educação, em parceria com a instituição Amigos do Bem, declarar o mês de Abril, por ter o dia da educação, como o 'mês contra o preconceito linguístico', intensificando nesse mês palestras e reuniões nas escolas e em praças públicas, com as principais figuras da educação brasileira, sobre a riqueza e as variações que a Língua Portuguesa possui. Para que, dessa maneira, a sociedade elimine de vez esse péssimo hábito.