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Enviada em: 19/08/2018

Heterogeneidade linguística: reflexo do Brasil multiétnico         O preconceito linguístico caracteriza-se pela intolerância e o desrespeito quanto ao modo de se realizar a língua diferente da norma culta. Tal fato é recorrente no Brasil, tanto porque a escola mostra-se como a primeira instituição a moldar o falar individual - primando pela homogeneização - quanto porque os meios de comunicação prestigiam a língua das classes abastadas, exteriorizando a rigidez da norma padrão e a marginalização de línguas minoritárias. Assim, ações do Estado visando proteger a diversidade linguística, fruto da história do português e do Brasil, são esperadas.       Desse modo, Marcos Bagno, em ''Preconceito Linguístico'', discorre sobre o mito da unidade linguística no país, visto que nem mesmo a educação dogmática é capaz de apagar o caráter multilíngue do português. Ainda sim, as instituições educacionais são locais onde a alfabetização dá-se mediante a tentativa de elidir a linguística individual (original dos locais de vivência e do seio familiar); haja visto que dentro das salas não se prestigia a diversidade da língua, mas se determina o que é certo ou errado, imperando a norma culta e também a intolerância. Como consequência, busca-se segregar a língua coloquial e suprimir a heterogeneidade da língua portuguesa, a qual se mistura à diversidade cultural, em um país territorialmente amplo e multiétnico.          Logo, é válido ressaltar que o português advém do latim vulgar, tendo ainda sofrido influência de várias matrizes no Brasil e, por isso - assim como as culturas que originam a brasileira - o idioma é fruto de choques e miscelânea das linguagens africanas, indígenas e europeia. Portanto, não é concebível que as mídias brasileiras comunguem do ideal de língua legítima de Pierre Bourdieu, ou seja, utilize-se da linguagem mais prestigiada socialmente para segregar e humilhar as demais variantes. Faz-se necessário, que como Guimarães Rosa, as mídias dialoguem com os diversos dialetos, principalmente no âmbito local, aproximando-se do falar majoritário, mesmo que não deixem de se utilizar conjuntamente da normal padrão.           Em síntese, para combater o preconceito linguístico, é relevante que o governo crie uma Política Nacional Linguística, tendo por base a Declaração Universal dos Direito Linguísticos (a qual se assenta no universalismo frente às tendências homogeneizadoras), objetivando garantir o respeito aos falantes de línguas minoritárias, por vias legais que se estendam aos meios de comunicação. Além disso, é importante a inclusão da temática ''variedades linguísticas'' dentro do ambiente educacional de maneira recorrente, abrindo discussão entre pais, alunos e professores contra os preconceitos linguísticos e destacando os reflexos positivos do caráter multilíngue brasileiro.