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Enviada em: 20/08/2018

Durante o Parnasianismo,corrente literária ocorrida no século XIX,os autores escreviam poemas valorizando mais a estética do que o conteúdo e,para isso,saturavam suas escritas com palavras de difícil compreensão e figuras de linguagem,deixando,assim,parte do tecido social segregado – visto que não recebia uma educação qualificada e,logo,não sabia interpretar esses elementos.Hodiernamente, no Brasil, percebe-se que essas características parnasianas coexistem com o preconceito linguístico – sofrido destacadamente pelas baixas camadas sociais. Dessa maneira, convém analisar os dois principais catalisadores dessa problemática: as desigualdades sociais e a negligência escolar.     Mormente, destaca-se a disparidade educacional como fomentadora dessa patologia social. Segundo dados do site G1, 81,3% das vítimas do preconceito linguístico pertencem as camadas populares. Isso ocorre porque o Brasil ainda é marcado pela desigualdade,na qual a maioria das escolas públicas         –principalmente as que estão em regiões carentes– são precárias no ensino, possuem uma má infraestrutura e os estudantes não têm acesso a aulas gramaticais qualificadas. Por conseguinte, surge um cenário flagelador com a ascensão de casos da intolerância linguística e torna-se imprescindível a atuação estatal e social na superação do impasse.    Somado a isso,tem-se a lacuna no ensino da língua portuguesa como impulso para o problema.De acordo com Émile Durkheim,em seus estudos estruturalistas,a escola é o ambiente formador de cidadãos.Nessa perspectiva,infere-se a urgência na modificação dessa realidade,injusta e antidemocrática,uma vez que já no ensino fundamental a gramática é apresentada como a única variação correta da escrita e da fala.Consequentemente,muitos indivíduos praticam a intolerância linguística achando,erroneamente, que os desvios na concordância,na forma de falar ou o sotaque regional devem ser motivo de chacota.    É evidente, portanto,que ainda há entraves na mitigação do preconceito linguístico na sociedade brasileira. Destarte,é fulcral que o Ministério do Planejamento Desenvolvimento e Gestão envie capital para reformar e construir escolas e,também,para contratação de profissionais qualificados–aumentando os salários em regiões carentes,mediante ao redirecionamento da verba destinada à educação,para que mais pessoas tenham acesso a aulas gramaticais qualificadas e falem, se necessário, no padrão da língua. Paralelamente, urge que o Ministério da Educação modifique a grade curricular, por meio de sua autoridade, e implemente a matéria variação linguística já no ensino fundamental, com o fito de diminuir a intolerância da língua devido à má orientação sobre o tema. E, assim, as características segregacionistas vigentes no período do Parnasianismo serão reduzidas na contemporaneidade.