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Enviada em: 27/08/2018

O Brasil é um país com dimensões continentais e com uma imensa pluralidade cultural que, naturalmente, se reflete nas diversas variações linguísticas que existem nas diferentes regiões. Contudo, essa considerável quantidade de variantes existentes em nosso idioma é usada como um meio de segregação e dominação social, constituindo o chamado preconceito linguístico.      Desse modo, é importante salientar que a língua se torna um instrumento de preconceito quando uma variante é colocada em prestígio, e as demais são jogadas de lado. O conhecimento da gramática normativa vem sendo usado como um mecanismo de dominação política, social e cultural pela população culta. Essa prática não é restrita à atualidade: os sofistas, na Grécia Antiga, também utilizavam de seus conhecimentos linguísticos para se promoverem politica e socialmente, o que faz com que a exclusão daqueles que "falam errado" seja ainda mais acentuada.      Como se não bastasse, as escolas acabaram por também se tornarem um dos agentes que promovem tal preconceito em relação à língua. Com uma educação pautada unicamente na gramática normativa, os dialetos, gírias, regionalismos e demais diferenças de fala são amplamente reprimidos, tudo em detrimento da linguagem culta. O preconceito linguístico, portanto, é um retrato da estrutura padronizada de ensino, que acarreta numa intolerância quanto às variantes do nosso idioma.      Portanto, são necessárias medidas para resolver tal empecilho. Uma releitura dos cursos de licenciatura se faz necessária, pois é preciso que os professores se conscientizem e não sejam eles mesmos os perpetuadores do preconceito linguístico. É óbvio que a norma padrão deve ser usada e estudada, mas as variantes precisam ser aceitas, entendidas e, acima de tudo, respeitadas. Só assim podemos amenizar tal preconceito que segrega social e politicamente aqueles com menor conhecimento e oferecer um maior entendimento da amplitude que é o nosso idioma, afinal, "um bom falante é poliglota em sua própria língua".