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Enviada em: 26/08/2018

A língua, instrumento de comunicação entre os indivíduos, apresenta grande diversidade, visto a notória diferença no modo de falar entre pessoas de regiões distintas, por exemplo. Contudo, tais variantes tem sido utilizadas como mecanismos de segregação social, dada a valorização de alguns dialetos em detrimento de outros. Nesse contexto, convém refletir sobre as causas do preconceito linguístico.       Primeiramente, pode-se observar que a língua, ao longo da História, foi utilizada como ferramenta para exercer controle sobre os povos, dado a prática de substituição da linguagem nativa pelo idioma do colonizador. Tal fator possui reflexo nos dias atuais, principalmente quando analisa o ambiente escolar, onde um aluno que usa de dialeto distinto do característico daquele grupo, muitas vezes, é reprimido por críticas, suscetíveis de causarem problemas psicológicos e problemas de interação social no estudante. Dessa forma, a negação das variantes se manifesta por meio de visões discriminatórias herdadas historicamente.       Somado a isso, o escritor Marcos Bagno, em sua obra "Preconceito Linguístico: o que é, como se faz", critica a atuação da mídia ao contribuir na perpetuação de estigmas em torno de certas variações linguísticas. Esse aspecto pode ser percebido quando se observa a forma como a fala nordestina é retratada em algumas novelas de televisão, visto a linguagem grosseira e distante da realidade com que muitos personagens nordestinos se manifestam. Assim, os meios de comunicação, frequentemente, favorecem a construção de uma mentalidade que considera algumas variantes superiores a outras.       É evidente, portanto, que, de modo geral, o ambiente escolar e a mídia propagam preconceito linguístico. Assim sendo, faz-se necessário que o Ministério da Educação realize reforma na grade curricular, do ensino fundamental ao médio, voltada para a contemplação de uma disciplina que estude as variações linguísticas, com o objetivo de promover a aceitação destas como componentes culturais da sociedade. Além disso, cabe à população, como consumidora dos meios de comunicação, exercer o papel de fiscalizar a atuação das emissoras, cobrando destas uma postura que se afaste da manutenção de esteriótipos sociais por meio da língua, Assim, será possível moldar um tecido social que valorize a pluralidade e a tolerância.