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Enviada em: 22/08/2018

O rapper brasileiro Gabriel, O Pensador, questiona, em uma de suas músicas, “Até Quando” o povo brasileiro irá tolerar tantos problemas sociais. Tal indignação se aplica também ao preconceito linguístico no Brasil, assunto que exige uma análise em relação às causas dessa problemática.    Como primeira constatação, observa-se que preocupações associadas à exclusão social decorrente da língua não apenas existem como vêm crescendo gradativamente. Por conta disso, é preciso buscar as causas dessa questão, entre as quais, emerge como a mais recorrente o desrespeito com as variações linguísticas -nas quais estão sujeitas ao contexto histórico, geográfico e sociocultural- para com os integrantes da sociedade. Dessa maneira, quando as alterações são apontadas como erros, comete-se o preconceito linguístico. Entretanto, ao mesmo tempo em que as classes dominantes dizem que é preciso impor o padrão para todos, elas não permitem às classes dominadas o acesso a ele, pois assim, a estratégia política-ideológica sobre o controle da língua permaneceria. Da mesma forma, o linguista Marcos Bagno, por meio do Mito Número Oito, afirma que a norma culta padrão tem sido usada como um objeto de controle e coerção social pelos cidadãos pertencentes aos grupos vistos como mais privilegiados, econômica e socialmente.     Outrossim, de acordo com Durkheim, o fato social é uma maneira coletiva de agir e pensar, dotada de generalidade, exterioridade e coercetividade. Seguindo essa linha de pensamento, as críticas aos erros de português consolidam a segregação social. É notório o preconceito contra nordestinos na região Sul e Sudeste, uma vez que a imagem obtida é de um povo analfabeto, pobre e feio. Além disso, a fala nordestina no ambiente televisivo, na maioria das vezes, é tratada como inferior, com tom pejorativo a fim de criar humor. Desse modo, é preciso conscientizar a sociedade de que não há uma forma certa ou errada dos usos da língua.     É evidente, portanto, que ainda há entraves para garantir a solidificação de políticas que visem a construção de um país melhor. Sendo assim, cabe ao Ministério da Educação realizar palestras e debates por meio de aulas alternativas, incentivando que as variações linguísticas sejam reconhecidas como prática da cultura nacional, a fim de evitar ao máximo ridicularizá-las. Ademais, cabe também à Mídia atuar no combate ao desprezo linguístico por meio de propagandas, valorizando as diferenças, para que possa haver a redução de toda divergência. Afinal, é como afirma Gabriel, O Pensador, “é na mudança do presente que se molda o futuro.”