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Enviada em: 28/08/2018

Em “Casa Grande e Senzala”, Gilberto Freyre, sociólogo brasileiro, defende que a diversidade existente no Brasil forma a identidade do país e, dessa forma, todas as formas de expressão devem ser respeitadas. Contudo, desde a colonização, algumas línguas sofrem preconceito. Diante disso, deve-se analisar como a herança histórico-cultural e a omissão do Estado colaboram para o preconceito linguístico na sociedade brasileira contemporânea.       Em primeiro lugar, é necessário destacar a herança histórico-cultural como principal responsável pela manutenção do preconceito no que tange à língua. Segundo o sociólogo Pierre Bordieu, a sociedade tende a incorporar a estrutura social de sua época, legitimando-a e reproduzindo-a. Desse modo, o eurocentrismo que os colonizadores portugueses apresentaram para com os índios brasileiros no século XVI, colaborou para a naturalização do pensamento de inferioridade linguística. Esse pensamento errôneo de superioridade persiste no país, sendo abordado constantemente na mídia por meio de programas televisivos que ridicularizam as variações linguísticas regionais. Assim, os brasileiros interiorizam, naturalizam e reproduzem o preconceito ao longo da vida, agravando a intolerância linguística no Brasil.       Outrossim, cabe ressaltar a influência da escola para a perpetuação da discriminação para com o uso da língua coloquial. Segundo Freyre, sem um fim social o saber será a maior das futilidades. Nesse contexto, as escolas são grandes influenciadoras do comportamento humano, responsáveis por atuar contra o preconceito linguístico. Entretanto, em todo o processo pedagógico, pouco é abordado sobre as variações regionais, etárias e culturais, o que faz com que a linguagem coloquial seja vista como algo errado. Dessa maneira, vê-se que pela educação é imprescindível para o combate à problemática.       Torna-se evidente, portanto, que algumas formas de expressão são historicamente inferiorizadas pela sociedade, tornando necessárias medidas para resolver a questão. Assim, cabe ao Ministério da Cultura a realização de propagandas midiáticas acerca do preconceito linguístico, visando estimular a tolerância entre os falantes. Além disso, o Ministério da Educação deve inserir nas escolas projetos de análise de obras que utilizem variações linguísticas, e, assim, distanciar do senso comum o pensamento de superioridade de determinado uso da língua. Ademais, as escolas devem orientar a reflexão das regras gramaticais do português, debatendo as várias formar de falar, a fim de combater o preconceito linguístico e ensinar aos alunos a adaptar a sua forma de falar ao contexto. Assim, poder-se-á transformar o Brasil em um país desenvolvido socialmente, regido pelo respeito a todas as formas de expressão vislumbrado por Freyre.