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Enviada em: 25/08/2018

"Dê-me um cigarro, diz a gramática, (...) mas o bom negro e o bom branco da nação brasileira dizem todos os dias: deixa disso, camarada. Me dá um cigarro." Tal trecho do poema "Pronominais" de Oswald de Andrade retrata o caráter volátil da língua, a qual apresenta inúmeras variações. Entretanto, ocorre no Brasil, muitas vezes, o preconceito linguístico, que consiste no julgamento depreciativo e desrespeitoso da fala que esteja fora da gramática normativa e/ou com particularidades. Isso porque, não raro, há o sentimento de superioridade de certos grupos, confusão sobre a diferença entre a língua e a gramática, entre outros motivos.     Em primeiro lugar, historicamente, o maior conhecimento da linguagem é caracterizado como uma forma de poder, à exemplo da era do Sofistas, na Grécia Antiga. Essa situação ocorre pelo sentimento e comportamento de soberania dos grupos vistos como mais favorecidos, econômica e socialmente.  Dessa forma, na maioria das vezes, os falantes da norma culta são aqueles que apresentam maior nível de escolaridade e poder aquisitivo, haja vista que a educação ainda é privilégio de poucos no país. Portanto, uma gigantesca parcela de brasileiros permanece à margem do domínio de uma norma culta, e, não raro, sofre represálias e humilhações graças a isso.      Ainda vale ressaltar que, a vasta extensão territorial e o multiculturalismo presentes no Brasil corroboram a existência de diversas variantes da Língua Portuguesa, desde o chiado do sotaque carioca ao "r" mais acentuado nas regiões interioranas, oriundos dos diferentes contextos regionais e históricos. Contudo, esse cenário diversificado torna-se, erroneamente, motivo de desprezo e chacota para muitos ao terem contato com as particularidades existentes. Ademais, distúrbios articulatórios, como o Rotacismo -troca do r pelo l-, são frequentes no país, e, diversas vezes, também são motivos de preconceito linguístico.     Dessa maneira, é imprescindível que o preconceito linguístico seja combatido no Brasil. A fim de que isso ocorra, é necessário que o governo, em conjunto com o Ministério da Educação, disponibilize mais verbas para a educação pública, por meio da diminuição de gastos em outras áreas de menor urgência, bem como, é de suma importância que o Estado puna de forma mais severa casos de desvio de dinheiro que deveria ser destinado à educação, através de penas mais longas. Além disso, é preciso que as escolas de todos os país apresentem, desde as fases mais tenras, aulas direcionadas, palestras e feiras com o intuito de incitar a tolerância linguística, junto com o apoio da família, a qual deve realizar, por exemplo, diálogos instrutivos sobre o tema. Afinal, nenhum cidadão deveria ser vítima de preconceito, como consta na Carta Magna, seja ele qual for.