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Enviada em: 25/08/2018

Me dá um cigarro. O poema do escritor modernista Oswald de Andrade indaga acerca da utilização de um padrão linguístico privilegiado socialmente, isto é, a norma culta da língua portuguesa, uma vez que, neste exemplo, não se deve iniciar uma oração com um pronome oblíquo. Posto isso, é mister debater, no cenário brasileiro, sobre o preconceito linguístico, bem como, pontuar os seus principais fatores e possíveis medidas relacionadas à resolução dessa questão.             Sobretudo, ao discorrer-se acerca de tal temática a partir da historiografia brasileira,   depreende-se a miscigenação linguística em função da cultural. Prova disso, é, no Brasil Colônia, por ordem do Marquês de Pombal, a proibição da língua tupi aliada à instituição da portuguesa como a oficial do período. Ademais, movimentos literários, a acordar ao Romantismo, mas também, no século XX, ao Modernismo, visavam a registrar as variações regionais por intermédio de palavras indígenas, outrossim, africanas, a exemplificar com os poemas do ufanista Gonçalves Dias e do modernista Manuel Bandeira. Por conseguinte, o idioma falado no país reflete a sua mistura cultural. Sem embargo, é necessária, lamentavelmente, a criação de políticas públicas, cujo objetivo seja disseminar as mais distintas nuances do idioma para que, dessa forma, noções preconceituosas erradiquem-se.                 O filósofo alemão Jürgen Habermas postulou, por intermédio da Teoria da Ação Comunicativa, que a razão nunca deve ser construída de forma monológica, ou seja, individual e egoísta. Esse instrumento, concomitante à utilização da linguagem, organiza-se dialogicamente, a necessitar da participação de todos os cidadãos. A par disso, variações linguísticas, em âmbito público, retratam os diferentes contextos sociais do país. Além disso, consoante ao linguista russo Roman Jakobson, uma das funções da linguagem focaliza-se na transmissão da mensagem, o que se compreende com a leitura de poemas do cearense Patativa do Assaré, os quais demonstram as belezas do sertão em contraste com a negligência governamental no que diz respeito à má infraestrutura educacional do país, o que, em união com a ignorância histórica no que concerne à formação da nossa língua, contribui, de forma agravante, para a persistência de tais concepções elitistas.                    Dê-me um cigarro. A reflexão de Oswald, portanto, julga que todas as nuances linguísticas deveriam auferir igual respeito. Destarte, o Governo, na figura do Ministério da Educação, deve investir em projetos e campanhas por intermédio do ensino das diferentes faces da língua portuguesa nas escolas, com o apoio da mídia em relação à produção de filmes que extraiam a pluralidade vocabular de cada região do país. Espera-se, com isso, que o Brasil dirima tal problemática.