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Enviada em: 30/08/2018

Operando como a primeira Lei de Newton, a lei da Inércia, a qual afirma que um corpo tende a permanecer no seu movimento até que uma forca suficiente atue sobre ele mudando o seu percurso. O preconceito linguístico – atitude de julgamento em relação ao falar -, de maneira análoga, está estagnado na sociedade brasileira. Com isso, ao invés de funcionar como a força suficiente capaz de mudar o percurso deste problema, da permanência para extinção, a sociedade e a mídia contribuem com a situação.                  Na Grécia Antiga, os gregos chamavam de “bárbaros” as pessoas cuja a língua grega não era a materna. De maneira paradoxal, hodiernamente, a normatização do Português brasileiro é extremamente excludente. Isso acontece porque, a língua portuguesa apresenta diversas variedades linguísticas no contexto regional, etário, social e histórico. Devido a isso, geralmente, as variedades mais sujeitas a este tipo de preconceito são as com características associadas a grupos de menor prestígio na escala social ou a comunidades do interior. Isso decorre do sentimento de superioridade vindo dos grupos vistos como mais privilegiados, econômica e socialmente. Por conseguinte, é preciso entender que há diversas variantes na língua e que uma não deve ser mais prestigiada em relação às demais.            Ademais, a mídia é um dos pilares que fomenta a problemática conforme salientou Marcos Bagno, escritor, no livro “Preconceito Linguístico”. Acerca dessa lógica, é extremante evidente a estereotipação de nordestinos em meio televisivo. Nesse sentido, pessoas da região Nordeste, quase sempre, são representados em novelas com um modo de falar desajeitado o que acaba, consequentemente, gerando uma imagem negativa do individuo nordestino. Por outro lado, é indubitável que há uma supervalorização do eixo Sul-Sudeste, pois os personagens destas regiões são construídos com uma imagem superior das demais. Dessa forma, torna-se inviável a mudança de percurso do preconceito linguístico, da persistência para extinção.           Torna-se evidente, portanto, a necessidade de uma tomada de medidas que realizem a mudança deste percurso. Em razão disso, as escolas devem fazer uma abordagem mais aprofundada do tema, além de ensinar, nas aulas de Português, as variantes existentes da língua. Outrossim, a mídia deve parar de estereotipar os personagens de acordo com sua maneira de falar e poderia investir em campanhas que ajudem a desconstruir esta discriminação enraizada na sociedade brasileira. Assim, a sociedade e a mídia funcionarão como a força descrita por Newton e mudarão o percurso do preconceito linguístico, da permanência para extinção.