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Enviada em: 30/08/2018

Na obra literária " Casa Grande e Senzala ", Gilberto Freyre defende que a pluralidade cultural existente no Brasil forma a identidade do país. Todavia, embora o Brasil seja um país marcado por diferenças culturais – facilmente evidenciadas nas distintas maneiras de falar do seu povo –, muitos indivíduos tentam negar essa realidade. Tal visão corrobora com o aumento do preconceito linguístico na sociedade, um grande desafio que precisa ser enfrentado, tendo em vista o forte discurso etnocêntrico que circula no país.     De início, é valido pontuar que o exacerbado individualismo pode influir nos discursos de ódio contra a variabilidade linguística, no Brasil. Isso acontece porque, na pós-modernidade, as pessoas, conforme defende o sociólogo Zygmunt Bauman na obra "Amor Líquido", tornaram suas relações mais fluidas e menos empáticas. Por essa razão, essas pessoas não calculam os efeitos que tais julgamentos desrespeitosos podem causar na vida das vitimas, as quais muitas vezes adquirem problemas de sociabilidade ou mesmo distúrbios psicológicos ao longo de suas vidas.     Além disso, verifica-se os meios de comunicação como impulsionadores da intolerância referente a língua. Essa situação ocorre devido aos  esteriótipos criados pela mídia, os quais pretendem ensinar a população o "certo e o errado", esses padrões são eleitos pelo senso comum como retrato da sociedade e não consideram as variantes como identidade do povo. Outrossim, a maioria dos telespectadores não possui uma concepção mais ampla da capacidade heterogênea da Língua Portuguesa, tornando-se alienados e por isso não percebem o preconceito camuflado nos bordões televisivos como ,por exemplo, todo nordestino e interpretado nas novelas, sem exceção, como um tipo grotesco criado para promover a marginalização dos nordestinos, enquanto os sulistas são retratados como pessoas cultas. Por consequência disso, o preconceito linguístico esta cada vez mais enraizado no Brasil.     Em decorrência disso, cabe a mídia e ao terceiro setor a tarefa de reverter esse quadro. O terceiro setor - composto por associações que buscam se organizar para conseguir melhorias devem conscientizar, por meio de palestras e grupos de discussão nos lares e escolas, a população brasileira para que discutam com ela o conceito de empatia bem como os efeitos do preconceito na vida das vitimas a fim de difundir entre ela o principio de Spinoza de compreender as diferenças. Por fim, a mídia deve aproveitar o seu  poder de persuasão para levar ao publico o respeito a todas as variedades linguísticas através de campanhas publicitarias e com isso, combater os diversos preconceitos inseridos na sociedade brasileira. Só assim, a pluralidade defendida por Gilberto Freyre sera compreendida.