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Enviada em: 01/09/2018

É possível afirmar que existe uma variação constante na forma de falar. No entanto, o preconceito linguístico persiste na sociedade brasileira. Isso se evidencia não só na tentativa da escola em impor uma norma culta de língua, como também na exclusão social de regiões, faixa etária e classes econômicas distintas.       Em primeira instância, é importante ressaltar que a escola não tem cumprido com o seu papel de auxiliar e conter as indiferenças, pelo contrário, muitas vezes as tem intensificado. Costumeiramente alunos são punidos por falarem de forma informal, com sotaques e dialetos. Denota assim, a maneira repressiva e preconceituosa de lidar com um tema tão amplo, que é a língua falada. Segundo dados do IBGE são mais de 180 línguas existentes no Brasil, e são pouco ensinadas, estudadas, por outro lado, negligenciadas, inclusive a LIBRAS que é a segunda oficial. Contudo, é necessário romper as barreiras, pois o errado não é a forma de falar, e sim a visão intolerante do outro.       Além disso, a exclusão não se limita às escolas, percorre as ruas, becos e vielas. De acordo com o livro de Marcos Bagno, Preconceito linguístico, ressalta as relações interpessoais de forma superficial e preconceituosa em se comunicar, exatamente pelo fato de pessoas serem de estados, classe social ou idades diferentes. Isso se dá pela dificuldade do homem em aceitar o que é distinto, desvalorizando a variedade comunicativa que não foi ensinada para a sua geração e classe social. Ademais, Spinoza afirmou que é importante se esforçar para não rir das ações humanas, nem as odiar, mas entendê-las. Porém, a sociedade brasileira não busca e nem são influenciadas a compreender as variedades linguísticas existentes no rico território. Assim, o preconceito, a exclusão, o bullying, torna algo rotineiro.       Fica claro, portanto, que é necessário mudar a ideia restrita da língua correta ou errada. Cabe as escolas em consonância com o Ministério da Educação, alterar o plano de ensino, ensinando aos alunos na disciplina de português não só a norma culta e gramática, mas também as diversas formas faladas nas regiões do Brasil, seus sotaques, gírias e internetês (linguagem da internet). Concomitantemente incluir à grade escolar a língua LIBRAS, a fim de que os discentes aprendam sobre um dos dialetos oficias do país. Por fim, a mídia pode colaborar com o seu poder influenciador, por meio de campanhas publicitárias alertando as inúmeras variedades de se expressar e que nenhuma é errada, cada uma com a sua singularidade e importância.Assim, a sociedade compreenderá a lição deixada por Spinoza e tentará aprender sobre as variedades e diferenças do outro.