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Enviada em: 02/09/2018

A literatura modernista, no século XX, tem como uma de suas principais características a valorização da linguagem coloquial e das variações linguísticas do idioma nacional. Entretanto, esse enaltecimento não é observado na realidade hodierna, com o advento do preconceito linguístico. Nesse contexto, deve-se analisar como a herança histórico-cultural e os métodos de ensino influenciam na problemática em questão.        A herança histórico cultural é a principal responsável pela manutenção do preconceito linguístico. Isso decorre da imposição do português no processo de colonização do Brasil, que resultou no despontar de atitudes linguísticas hierarquizantes. A sociedade, então, por tender a incorporar as estruturas sociais de sua época, conforme defendeu o sociólogo Pierre Bordieu, naturalizou o pensamento  de que a norma padrão é superior e passou a reproduzi-lo. Tal fato foi reforçado pelo Diretório Pombalino, com a determinação da obrigatoriedade do uso do português conforme os moldes gramaticais vigentes. Por consequência disso, essa forma de intolerância foi enraizada na cultura brasileira.      Ademais, a metodologia utilizada nas instituições de ensino também é responsável pela discriminação com as variações linguísticas. Isso ocorre porque, com a crença de que há uma unidade linguística, a escola tenta impor a norma padrão como se fosse a língua comum a todos os brasileiros. Segundo o linguista Marcos Bagno, o conhecimento da gramática normativa é utilizado como instrumento de distinção e dominação pela população culta. Tal fato é observado quando pessoas falantes das variedades desprestigiadas, por exemplo, não usufruem de seus direitos plenamente por não compreender a linguagem empregada pelos órgãos públicos. Em virtude disso, grande parcela da população é marginalizada por não deter domínio da norma gramatical.  Torna-se evidente, portanto, ser necessário o combate do preconceito com as variações do português.       Em razão disso, o Ministério da Educação, em parceria com os pedagogos, deve implementar o ensino das variedades linguísticas de forma mais aprofundada na grade curricular dos ensinos infantil, fundamental e médio por meio da instrução de professores para ensinar sobre essas variações a fim de impedir o desenvolvimento e a potencialização do preconceito. Outrossim, é essencial a criação de um órgão público que vise auxiliar pessoas que não tenham domínio da norma utilizada em documentos oficiais. Para que, assim, a língua popular do Brasil seja reconhecida da mesma forma como foi no movimento modernista brasileiro.