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Enviada em: 02/09/2018

Catálise social             Em seus estudos, o sociólogo alemão Max Weber defende que o processo de entendimento da realidade social seria possível por meio da compreensão das ações dos indivíduos. Sob essa ótica, a questão do preconceito linguístico exige uma discussão mais ampla, haja vista que a problemática permanece intimamente relacionada a conjunta social do país, fruto da ideia errônea de existência de uma língua correta e da influência midiática. Nessa perspectiva, é cabível analisar os principais efeitos de tais fatores para a sociedade.             Em primeiro plano, é indiscutível que a falsa crença de existir uma língua homogênea e correta é um fator determinante para a permanência do problema. Isso ocorre porque conforme destacou José de Alencar, por meio do regionalismo, existe diferenças na fala entre os estados. Todavia, é indubitável que a heterogeneidade linguística, na maioria das vezes, não é respeitada pelas classes sociais dominantes, fato que potencializa não só a exclusão, como também a segregação social das pessoas vítimas de preconceito linguístico.             Outrossim, cabe ressaltar que a influência da mídia contribui negativamente no impasse. Tal fato decorre porque os meios de comunicação, principalmente a internet e a televisão, atuam de forma majoritária na difusão de um modelo da língua gramaticalmente correto. No entanto, é válido salientar que, segundo o filósofo Marcos Bagno, não existe uma forma correta ou errada do uso do idioma, uma vez que a língua é mutável e depende diretamente da época e da região do falante. Nesse sentindo, tal cenário favorece ainda mais o contexto de intolerância linguística e, por conseguinte, para o surgimento de problemas relacionados ao processo de socialização dos indivíduos.          Destarte, é imprescindível que Estado e mídia atuem para que tais problemas sejam minimizados. Para tanto, é imperativo que o Governo Federal direcione uma parcela maior de capital que, por intermédio do Ministério da Educação, será revestido na criação de um programa de educação nacional que ressalte, por meio de palestras e atividades dinâmicas que estimulem o contato entre os alunos com diferentes variantes da língua, a importância dos diferentes dialetos para a formação de uma língua para, assim, mitigar a intolerância sócio-linguística. Ademais, a mídia deve, por meio de novelas, seriados e propagandas transmitidas em horário nobre à população, desconstruir a ideia de que existe apenas uma forma correta do uso do idioma, a fim de minimizar os casos de preconceito em decorrência da fala. Assim, Estado e mídia poderão atuar como catalisadores, contribuindo para aumentar a velocidade da reação social de combate à problemática.