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Enviada em: 02/09/2018

O homem, enquanto ser social, como descrito por Aristóteles, ao longo de sua evolução, desenvolveu a fala como mecanismo facilitador da vida coletiva. No entanto, tal instrumento de interação se torna, muitas vezes, mecanismo de segregação social, principalmente em um país continental como o Brasil, cuja população se divide em diferentes regiões e classes sociais. Surge, portanto, o preconceito linguístico devido a estas variantes, as quais deixam de ser riqueza cultural para se tornarem humilhação.    A língua tem como característica a elasticidade. Ela se molda às diversidades culturais regionais do Brasil. Não obstante, tal flexibilidade não é regra nos materiais didáticos utilizados nas escolas, gerando preconceito linguístico, o qual, de acordo com Marcos Bagno, "está ligado, em boa medida, à confusão que foi criada, no curso da história, entre língua e gramática normativa". Assim, observa-se que há fluidez na língua falada, esta, não sendo acompanhada pelos manuais pedagógicos, resultando na crença de que há certo e errado na língua.       Essa divergência muitas vezes existente entre o proferido e o escrito, acaba por aumentar ainda mais a segregação social. Isso se dá em detrimento de nem todo cidadão brasileiro possuir acesso à educação básica, mesmo sendo um direito assegurado em constituição. Uma pesquisa feita pelo IBGE em 2017, mostrou que o Brasil ainda tem 8,11 milhões de analfabetos. Não tendo acesso às normas cultas, estes utilizam idiomas próprios, não podendo ser caracterizado como errado, como descrito por Bagno, tampouco como motivo de isolação.     Fica evidente, então, que o preconceito linguístico é o princípio causador da exclusão social. Para abreviar isso, a mídia deve usar as telenovelas como veículo de enaltação das variações linguísticas sociorregionais. Ainda, as Secretarias Municipais de Educação devem reformular a grade curricular, repensando o uso da gramática, destacando a não existência de um certo e um errado, e sim, contextos distintos.  Espera-se, assim, dirimir o vão cultural existente nas diferentes regiões e classes sociais do país.