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Enviada em: 06/10/2018

Em 1536, o padre Fernão de Oliveira publicou a primeira gramática de língua portuguesa, a "Grammatica de Lingoagem Portuguesa'' que baseava-se no conceito clássico de gramática, entendida como ''arte de falar e escrever corretamente''. Dessa forma, o Brasil possui diversos tipos de dialetos em diferentes regiões, mas muitos acreditam que a base da língua é a gramática, assim, quem possui um linguajar diferente é vítima do preconceito linguístico, que discrimina e humilha o indivíduo. Nesse contexto, isso tem base não só pela intolerância da sociedade, mas também pelas escolas brasileiras.       Com efeito, o Brasil é uma região territorial imensa com mais de duzentos milhões de habitantes que possuem diferenças culturais e linguísticas. Sob esse viés, cada região brasileira possui diversas variações linguísticas, como sotaques, dialetos, regionalismos, gírias e demais diferenças, mas são interpretados pela sociedade como ''erros" de português, e por conseguinte exercem o preconceito linguístico fazendo com que, a vítima se sinta humilhado e envergonhado com sua própria fala. Assim, o pesquisador Marcos Bagno afirma que, para construir uma sociedade tolerante com as diferenças de cada pessoa, é preciso exigir que as diversidades nos comportamentos linguísticos sejam respeitadas e valorizadas. Portanto, evitando a discriminação e a exclusão dessas pessoas.      Ademais, o preconceito linguístico também é um grande problema entre os alunos das escolas brasileiras. Nessa perspectiva, crianças que possuem pais analfabetos ou que não concluíram o colegial são acostumados com a maneira que eles falam em casa, e se surpreendem ao chegar na escola e ver que seu linguajar é diferente dos outros alunos, e passam a ser vítima de discriminação e piadinhas maldosas. Com isso, apresentam um sentimento de exclusão e sofrimento quando são submetidos à avaliação equivocada da sua linguagem, se é "certa" ou "errada". Dessa maneira, a escola não tem que ensinar apenas a norma culta da língua, mas também combater o preconceito contra esses alunos que falam "errado", assim, o Ministério da Educação defende o uso de livros didáticos com  linguagem popular, para que os alunos possam conhecer e respeitar os modos de falar.      Torna-se evidente, portanto, que a língua é um fator decisivo na exclusão social. Por isso, deve ser ligeiramente combatido. Primeiramente, a mídia deveria parar de estereotipar os personagens de acordo com a sua maneira de falar e poderia investir em campanhas que ajudem a desconstruir o preconceito linguístico, como também promovendo propagandas e debates em programas de televisão sobre a importância do respeito entre os cidadãos. As escolas deveriam fazer uma abordagem mais aprofundada sobre esse tema, passando a usar livros didáticos que ensinem todas as variantes existentes na língua. Afinal, ser um “bom” falante é ser poliglota na própria língua.