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Enviada em: 07/09/2018

Dizia Spinoza: "Tenho-me esforçado para não rir das ações humanas, por não deplorá-las e nem odiá-las, mas entendê-las". Nesse contexto, o ato de fazer julgamento sobre o modo como alguém fala configura-se em preconceito linguístico, uma falta de compreensão para com o outro muito recorrente no Brasil. Desse modo, há alguns fatores que devem ser analisados como a falta de reconhecimento da diversidade linguística e a ideia errônea de que existe apenas uma forma certa de se falar.        Em primeira análise, vale ressaltar a importância das culturas indígenas, africanas e portuguesas para a formação da Língua Portuguesa falada no país. Entretando, por muito tempo os ideais de superioridade e dominação cultural do colonialismo europeu negaram a diversidade da língua e as contribuições dos outros povos. Como resultado, não há reconhecimento das variações da língua por grande parte da sociedade, abrindo espaço para a disseminação de preconceitos e exclusões.        Outrossim, a falta de reconhecimento também se relaciona com a visão de que a norma culta é a única digna de prestígio. Tal visão é desconstruída por Marcos Bagno, um educador que discorre sobre a necessidade de acabar com a ideia de estaticidade e homogeneidade da língua. Ou seja, não se deve julgar as diferentes variações da fala como corretas ou erradas, pois o falar é mutável e depende de um contexto.        Dessarte, medidas são necessárias para atenuar tal problemática. O Ministério da Educação deve desenvolver uma abordagem mais enfática sobre diversidade linguística nas escolas por meio da inserção desse estudo nas matérias de Língua Portuguesa e Literatura, bem como a criação de projetos sobre a história da formação da língua, com o intuito de conscientizar os alunos. Além disso, o MEC e o Governo Federal devem criar anúncios sobre o combate ao preconceito linguístico e veiculá-los na mídia, para atingir o povo de forma ampla. Com isso, a pátria educadora poderá oferecer mecanismos exitosos para a compreensão das ações humanas e para o fim dos atos discriminatórios.