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Enviada em: 07/09/2018

A ficção, inúmeras vezes, serve como inspiração para a realidade. A história em quadrinhos da Turma da Mônica, mostra o preconceito e as dificuldades enfrentadas pelo personagem “cebolinha” por causa do modo de falar. De maneira similar à obra, a sociedade brasileira enxerga um alarmante preconceito linguístico, em que um grupo dominante determina a forma certa e errada de se expressar, tornando a língua como uma ferramenta de segregação social e cultural. Assim, faz-se necessário ressaltar como a mídia e o modelo educacional do Brasil são entraves no combate a adversidade em questão, o que legitima o debate acerca do problema.    Em primeiro plano, vale frisar como as imposições midiáticas contribuem com a exclusão social. Isso ocorre porque, o preconceito linguístico é uma das faces do preconceito social. Ao impor nos meios de comunicação padrões linguísticos, a mídia deixa claro que só existe uma língua portuguesa, atingindo a população pobre que não teve acesso à educação e as pessoas do interior por causa do sotaque, que são reprimidos por a classe dominante. Logo, a variedade linguística trabalhada em redes de televisão, como a Globo, com objetivo de causar risadas nos telespectadores, contribui com o preconceito linguístico no país, uma vez que os meios de comunicação deveriam ajudar a combatê-lo.    Pontua-se, ainda, que a estrutura educacional do país corrobora com o problema, visto que, a educação brasileira está diretamente ligada à língua. Isso ocorre porque, ao estabelecer uma norma culta a ser ensinada nas escolas, quem não atinge esse patamar é considerado inferior, e, consequentemente, é alvo da exclusão e do preconceito. De acordo com uma pesquisa feita com os alunos da escola Municipal de Ensino Fundamental Getúlio Vargas, cerca de 25% dos alunos acham péssimo ou muito ruim a forma que falam em relação à língua portuguesa. Assim, vê-se como a escola contribui com a fragmentação da população, pois determina uma única forma de falar.    Assim, fica claro como o poder midiático e escolar interfere na aniquilação do preconceito. Assim, para resolver o impasse, é necessário que a mídia, trabalhe com os telespectadores, as consequências de estereotipar um personagem por causa do seu modo de se prununciar. Cabe, também, ao Ministério de Educação, em parceria com as escolas, promover palestras e rodas de conversas a respeito do preconceito linguístico, mostrando como ele traz consequências sociais. Além disso, é importante trabalhar nas aulas de português e sociologia as variações da língua portuguesa, mostrando como elas fazem parte da identidade do país, por meio de obras modernistas que mostram as diferenças regionais, como em Vidas Secas, de Graciliano Ramos. Buscando mudar o cenário preconceituoso atual do Brasil e suas consequências para a população.