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Enviada em: 06/09/2018

No centenário da independência brasileira, em 1922, surgiu o movimento modernista que trazia consigo sentimentos ufanistas e severas críticas a valorização excessiva da cultura européia. Seus escritores e artistas buscaram enaltecer o regionalismo e os povos, como indígenas, africanos e imigrantes, em suas obras através de uma linguagem marcada por aspectos sociais, culturais, históricos e geográficos. Entretanto, após quase um século dessa experiência a qual expunha a rica diversidade da sociedade brasileira, ainda há uma discriminação com essas diferenças, principalmente, ao retratar as distinções da língua, conhecido como preconceito linguístico.      Deve-se pontuar, de início, a obra "Preconceito linguístico: o que é, como se faz" do professor, linguista e filósofo Marcos Bagno, o qual aborda sobre os diversos aspectos da língua como o preconceito e suas implicações sociais. Segundo ele, não existe uma forma "certa" ou "errada" do uso da língua e o preconceito é gerado pela ideia de que há uma única língua correta, baseada na gramática normativa a qual é ensinada nas escolas. Essa prática colabora para a exclusão social, uma vez que, as instituições de ensino tratam a linguagem como um conjunto de regras e dá prioridade a língua padrão, desvalorizando sua variedade. Logo, para Marcos, a língua passou a ser um mecanismo ideológico de poder e controle de uma classe social dominante, a qual tem acesso a educação, sobre outras.        Vale ressaltar, também, o livro "O quarto do despejo: diário de uma favelada", escrito em 1955 por Carolina Maria de Jesus, moradora da favela do Canindé em São Paulo. A obra traz a realidade de uma mulher negra, pobre e que ficou a meio caminho da instrução primária. Na época da publicação do exemplar, a alta sociedade criticou demasiadamente a linguagem do texto, pois a editora não corrigiu os erros ortográficos e o modo como Carolina relatou seu dia a dia, a fim de, mostrar a condição social influenciando na variança linguística.       Urge, portanto, do governo, através dos Ministérios da Educação e da Cultura, incentivar um novo ensino de português nas escolas públicas e privadas atendendo as diferenças regionais, culturais e sociais da população brasileira. Além disso, a mídia e programas de entretenimento devem parar de abordar as diferenças do país de forma pejorativa e, através de incentivos fiscais governamentais, propagar e informar à sociedade da existência do preconceito linguístico e como ele se manifesta.