Materiais:


A 1° fase do Modernismo brasileiro valorizou a liberdade formal e linguística, com a presença de termos coloquiais e variantes regionais. Esse movimento contrariava o tradicionalismo estético do século XIX, visando a tornar a linguagem mais acessível. No entanto, esse projeto ficou apenas no âmbito da literatura, tendo em vista que o preconceito linguístico se faz muito presente na hodiernidade. Nesse contexto, é cabível enfatizar como um legado histórico cultural aliado a influência midiática são fatores corroborativos na problemática em questão e ratificam intervenção. Convém ressaltar, a princípio, que a colonização do Brasil ocorreu de forma heterogênea e, consequentemente, sua construção é diversa. Contudo, apesar dessa pluralidade da língua portuguesa, a atual realidade brasileira ignora as variações linguísticas e segrega do meio social aqueles que não falam conforme a gramática normativa e suas regras. Desse modo, indivíduos que tiveram acesso à educação de qualidade, enxergam o domínio do português como instrumento de superioridade e, por conseguinte, reprimem aqueles que possuem baixo nível de escolaridade, tachando-os como quem fala "errado". Assim, fica evidente a discriminação enfrentada por parte da população. Cabe salientar, outrossim, que a mídia é um fator preponderante na persistência do preconceito linguístico. No ínicio dos anos 2000, o personagem do programa "Zorra Total", chamado de "Nerso da Capitinga", representava um homem do campo que falava de acordo com as variantes regionais. Entretanto, o objetivo do quadro era ridicularizar o linguajar do personagem, incitando o riso no telespectador. Em decorrência de fatos como esse, há uma visão extremamente esteriotipada dos moradores de áreas rurais, que são vistos como ignorantes e rudimentares. Dessa forma, a mídia quando atua sob tal perspectiva, influência as pessoas de maneira negativa e contribui para a perpetuação do preconceito linguístico. Torna-se evidente, portanto, que o preconceito linguístico configura um grave problema social que precisa ser revertido. Nesse sentido, é imperioso que o Ministério da Educação, por meio de obras modernista, insira na grade curricular o ensino das variantes, além de realizar debates periódicos, ministrados por educadores, com o intuito de mostrar que não há forma correta de falar e, assim, mitigar o preconceito. É imperativo, também, que o Poder Público disponibilize um maior quantitativo de verbas para as escolas localizadas em áreas periféricas, a fim de oferecer uma educação de qualidade para os mais carentes. Ademais, a mídia, por meio de personagens, deve abordar a pluralidade linguística sem ridicularizá-la. Nessa conjuntura, poder-ser-á viver em uma país no qual a valorização da linguagem regional não se restrinja apenas à literatura.