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Enviada em: 16/03/2017

"O julgamento depreciativo, desrespeitoso, jocoso e consequentemente, humilhante da fala do outro ou da própria fala", segundo Marta Scherre, demonstra o julgamento contra determinadas variedades linguísticas atingindo a grupos de menor prestígio social julgados como inferiores, aumentando o preconceito no país, tornando necessária a discussão de medidas que resolvam definitivamente a questão.              Desde o descobrimento do Brasil em 1500, percebe-se a supremacia e a imposição da língua portuguesa europeia sobre a língua tupi dos índios brasileiros, sendo esta considerada "errada" pelos povos que aqui chegavam. Fora deste contexto histórico, atualmente, a cultura gerada pela ideia de que existe uma língua correta, baseada na gramática normativa, colabora com a prática e com o pensamento de exclusão social, principalmente dos grupos de menor prestígio ou que migraram de outras regiões apresentando sotaque e maneiras diferentes de falar. É importante salientar também, que com o passar do tempo e de acordo com as faixas etárias a língua sofre mudanças, como uso de gírias.         Entretanto, medidas são necessárias para resolver o impasse. Devido a grande extensão brasileira, o país apresenta diversas variações e particularidades regionais ocasionando estranhamento e podendo gerar diversos tipos de violência, como física, verbal e psicológica. Além disso, a gramática normativa excluí aqueles que não a falam devido a padronização da língua e a inflexibilidade desta, um exemplo são as atrizes de telenovela que para exercerem a profissão, precisam perder totalmente o sotaque de sua região.              Torna-se evidente, portanto, que os parâmetros da conjuntura atual, precisam ser revertidos. Em parceria com ONG's, o Ministério  da Cultura deve incentivar a valorização dos sotaques linguísticos, proporcionando peças em teatros públicos e palestras, abertas a toda população, ministradas por profissionais da área. Ademais, a Polícia Civil deve criar sites sigilosos para denúncias de violências ligadas ao preconceito da língua, punindo se necessário, além de adotar medidas que assegurem a vigência da liberdade linguística, como propagandas na televisão e rádio. De acordo com Immanuel Kant: "O ser humano é aquilo que a educação faz dele". Assim sendo, o MEC instituirá, também, palestras nas escolas ministradas por policiais e psicólogos alertando, orientando e discutindo sobre a valorização da cultura linguística, de modo que não se torne um dos fatores da exclusão social. Dessa forma, pode-se fazer com que cenários como esse não se tornem iguais ao pensamento de Marta Scherre.