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Enviada em: 09/04/2017

O preconceito linguístico é fruto do projeto de colonização brasileiro, no qual o processo de aculturação empreendido pelos colonizadores fazia com que a língua portuguesa fosse priorizada em detrimento das línguas nativas. Como reflexo dessa prática, percebe-se que a língua, ainda hoje, continua com uma conotação negativa, visto que é compreendida como instrumento de dominação social, em que se estabelecem relações de poder por meio dela. Dessa forma, é preciso desconstruir essa visão depreciativa do que é a língua e ressaltar o valor e a diversidade da mesma na sociedade brasileira.   Sabe-se que o Brasil é um país multiétnico e,como tal, apresenta uma diversidade linguística e cultural muito grande, o que explica a coexistência de diferentes variantes da língua. Diante da perspectiva acrescida por essa ótica, fica claro que a língua é um elemento de identidade cultural que está em constante processo de adaptação às novas dinâmicas sociais, não podendo ser relativizada. Sendo assim, a atribuição de um status social à mesma, como vem ocorrendo, é uma atitude infundada e só reforça o preconceito social existente no país.   Em virtude da acentuação das disparidades sociais ocasionada pela negligência governamental, no que tange à promoção de uma vida mais digna para as populações mais humildes do país e ao acesso a uma educação de qualidade, verifica-se que o preconceito linguístico é produto das injustiças sociais. Desse modo, as escolas acabam se tornando reprodutoras dessas desigualdades, haja vista que muitas críticas são direcionadas, pelos próprios professores, aos alunos que não se adequam à norma padrão do português escrito, sendo muitas das vezes, ridicularizados. Além disso, tendo em vista que a mídia é um instrumento de dominação utilizado pelas classes sociais dominantes, ela também constitui um meio que fomenta o crescimento desse tipo de preconceito.     Por isso, a fim de desconstruir essa visão depreciativa que se tem sobre a língua, faz-se necessário que as escolas promovam o reconhecimento das variantes linguísticas no país, como algo intrínseco ao processo de estruturação da sociedade brasileira e importante para o estabelecimento da nossa identidade cultural. Para tanto, é preciso que os próprios professores sejam capazes de combater o preconceito que neles existe, por meio da prática de diversas variedades da língua, não ficando assim, restritos a sua maneira de falar. Ademais, os alunos também devem se posicionar de maneira crítica, percebendo o uso variado que os mesmos fazem da língua nos diversos espaços de convivência que estabelecem e se adequando ao estilo de comunicação dos diferentes contextos sociais. Além do mais, a mídia deve promover um espaço de expressão das diferentes variantes sem inferiorizar nenhuma região, promovendo, assim, um diálogo entre as diversidades.