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Enviada em: 10/04/2017

Certa vez, Paulo Freire, importante educador e escritor, destacou a importância do processo pedagógico na garantia do domínio da fala e escrita. De fato, desenvolver essas habilidades é essencial, uma vez que, por meio destas alunos têm acesso aos saberes linguísticos necessários para o exercício da cidadania. Entretanto, existem fortes preconceitos linguísticos, em grande medida, gerados pela confusão quanto as diferenças entre gramática normativa e língua. De tal modo que, a norma culta tornou-se ferramenta de segregação social.  Em primeiro lugar, é indispensável pontuar que o domínio da língua tem estreita relação com a possibilidade plena da participação social. Como por exemplo, nos meios de comunicação, nota-se a ironização e ligação dos sotaque caipira à ascensão social e nível educacional. Além do mais, no ambiente escolar, apenas a norma gramatical é exaltada, assim, levando ao detrimento e exclusão das variações linguísticas. Desta maneira, fica evidente que a eliminação das particularidades da língua no contexto regional, afasta a sociedade da compreensão do papel da escola no desenvolvimento social.  Deve-se verificar também que, durante muito tempo, a alfabetização foi aplicada como um processo sistematizado, reduzido a repetição de práticas mecanizadas à medida em que não se explorava o conhecimento de outras áreas. Como, os contextos históricos, geográficos e culturais, muito embora, fossem aspectos relevantes a serem incluídos no ensino, uma vez que enriquecem o patrimônio cultural da Língua Portuguesa.  Em vista disso, fica evidente que Paulo Freire estava correto ao dizer: "Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda.'' pois, as condições atuais, permitem repensar sobre o ensino da leitura e da escrita, considerando não só o conhecimento didático, mas suas contribuições para sociedade. Portanto, é de suma importância reformas no sistema educacional, mediadas pelo Ministério da Educação, com intuito de uma abordagem mais aprofundada sobre o tema variedades linguísticas. Além de investir em projetos escolares que visão a integração com a comunidade, ainda, o Ministério da Cultura e mídia combater a estereotipação dos personagens com base na maneira de falar e investir em campanhas que ajudem a desconstruir o preconceito linguístico e inclua a aprendizagem. Afinal, não se trata de ensinar a falar ou a fala “correta”, mas sim as falas adequadas ao contexto de uso.