Materiais:
Enviada em: 23/06/2017

Durante o período colonial, a língua mais usada no Brasil foi a “língua geral” baseada no tupi antigo. Contudo, o ensino em qualquer língua que não fosse o português foi proibido, e a língua geral foi extinta. Esse fato evidencia a imposição de uma língua considerada homogênea que acarreta, hoje, no preconceito linguístico. Diante disso, torna-se passivo de discussão as consequências geradas pelas diferenças no falar do brasileiro e a análise da problemática como um preconceito social.     Em primeiro lugar, é importante destacar, que o abismo linguístico considera como inválida a chamada “língua viva”, essa, muitas vezes sendo motivo de ridicularização e chacota pela esfera popular. Entretanto, não há mais lugar hoje para aqueles que se consideram puristas da língua e que recusam, qualquer transgressão à norma culta. Embora todos os brasileiros sejam falantes da Língua Portuguesa, é importante reconhecer as variações linguísticas que são históricas, regionais, sociais e situacionais. Ademais, vale ressaltar que nem todos são escolarizados, e que a considerada não adequação da gramática vêm devido a uma segregação social e não deve ser alvo de preconceito.     Em segundo lugar, não se deve desconsiderar a norma culta, mas sim interrogar-se, sobre qual se mostra mais adequada a cada contexto. O papel midiático, nessa questão, é ineficiente em desconstruir os padrões linguísticos e faz em suas propagandas um meio de se disseminar esse preconceito. São inúmeras as tirinhas e personagens criados que apenas reforçam a ideia de uma língua mais correta em termos absolutos, como por exemplo, o personagem criado por Mauricio de Souza, o Chico Bento, que é um claro exemplo de um “falante caipira” que não se adéqua à norma padrão.      Entende-se, portanto, que o preconceito linguístico é uma realidade que precisa ser combatida. Cabe ao MEC, promover nas aulas de Português das escolas públicas e privadas discussões, palestras e debates acerca desse assunto, para que os jovens se tornem mais conscientes e conheçam mais a língua falada. Além disso, é dever do Estado incentivar instituições publicitárias a criarem propagandas que rompam com os padrões da "língua correta" criados pela sociedade e sensibilizem aqueles que se enquadram no grupo cultor da língua portuguesa padrão. Como afirma Evanildo Bechara, é preciso aprender a “ser poliglota em nossa própria língua”.