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Enviada em: 05/05/2017

A língua é um dos principais instrumentos que sustentam a vida em sociedade, já que é responsável pela comunicação e interação entre os indivíduos. No entanto, ela também pode atuar de maneira negativa, sendo uma das ferramentas de segregação social. Do mesmo modo, o preconceito linguístico no Brasil, é muito evidente e, por isso, é preciso entender que há diversas variantes na língua, e uma não deveria ser mais prestigiada em relação às demais. Em grande medida, isso ocorre pela confusão criada, no curso da história, entre língua e gramática normativa.    Em primeiro lugar, é importante destacar que, embora todos os brasileiros sejam falantes da Língua Portuguesa, ela apresenta diversas particularidades no contexto regional, etário, social e histórico. Isso significa que a linguagem está em constante transformação, e os responsáveis pelas mudanças são os próprios falantes, independente de classe social ou nível de escolaridade. Decerto, essas variações visam à comunicação,sendo assim,jamais devemos considerá-las erros. Nesse sentido, não se deve desconsiderar a gramática normativa e suas regras, já que ela serve como base para o sustento do idioma, mas sim admitir que todas as variações são inerentes à língua.   Além disso, é evidente que o fato de existir uma variante padrão faz com que as demais sejam desprestigiadas. Dessa forma,o preconceito linguístico  pouco discutido no Brasil acentua ainda mais a desigualdade social no país, pois a língua está totalmente ligada à estrutura e aos valores da sociedade, e os falantes da norma culta são aqueles que apresentam maior nível de escolaridade e poder aquisitivo. Em virtude disso, tem-se exemplos de profissionais que debocham das pessoas como foi o caso do médico de São Paulo em 2016, que de forma absurda, postou em redes sociais a maneira como um  paciente reproduziu as palavras pneumonia e raio X.Casos como esse, além de ser visto como desrespeito é, de fato,uma atitude desumana. Sem dúvida, na maioria das vezes, indivíduos que sofrem discriminação linguística são pessoas pobres que não tiveram as mesmas oportunidades que as outras.       Fica claro, portanto, que a língua é um fator decisivo na exclusão social. Por isso, o preconceito linguístico deve ser admitido e combatido. Primeiramente, as escolas deveriam fazer uma abordagem mais aprofundada sobre esse tema, além de ensinar, nas aulas de Português, todas as variantes existentes na língua. A mídia  como formadora de opinião pública  deveria parar de estereotipar os personagens de acordo com a sua maneira de falar e poderia investir em campanhas que ajudem a desconstruir o preconceito linguístico. Outras medidas podem ser tomadas, mas como disse Oscar Wilde, "O primeiro passo é o mais importante na evolução de um homem ou nação.