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Enviada em: 31/05/2017

O Brasil possui rica quantidade de imigrantes, seja pela diáspora negra no início da colonização, seja pela posterior chegada de europeus e asiáticos em tempos de industrialização. Esse longo processo histórico permitiu a construção de um amplo mosaico cultural, evidenciado principalmente em gírias e sotaques. Na contemporaneidade, entretanto, é evidente que, ao cometer inúmeros atos de preconceito linguístico, a população ainda falha em respeitar essa diversidade linguística.   É essencial considerar que essa questão está diretamente ligada ao elitismo. O sentimento de superioridade das classes abastadas é o motivo de difundirem a ideia de que erros gramaticais estariam relacionados a falta de inteligência. Um exemplo disso é uma reportagem que se espalhou nas redes sociais em 2016, em que um médico rebaixou um paciente de baixa escolaridade por este ter pronunciado de forma errada a palavra "pneumonia". O ocorrido trouxe à tona a discriminação linguística sofrida por pessoas pobres, evidenciando, assim, os efeitos do elitismo no âmbito da linguagem.   Além disso, é importante apontar o papel da mídia na naturalização desse preconceito. A escritora e ativista nigeriana Chimamanda Adichie, em sua famosa palestra "O perigo de uma história única", discorre sobre como os indivíduos são moldados pelos rótulos criados em meios de comunicação. No contexto brasileiro, as novelas representam personagens estereotipados que favorecem a propagação de assédio linguístico. Um exemplo disso são nordestinos serem retratados como "não civilizados" por seu estilo de falar carregado de regionalismos.   Fica claro, portanto, que a intolerância linguística é um desrespeito à pluralidade brasileira. Faz-se necessário, então, que famílias e escolas promovam debates sobre variações da linguagem, expondo que todas são aceitáveis. Além disso, a mídia e o Ministério da Cultura devem unir-se para frear a reprodução de esteriótipos depreciativos, lançando campanhas de respeito a abundância de sotaques e gírias.