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Enviada em: 07/06/2017

Segundo o escritor e linguista brasileiro Marcos Bagno, o preconceito linguístico é uma extensão da discriminação social, sendo legitimado pela ideologia das classes dominantes por meio da língua. Tal legitimidade, é fomentada, principalmente, pela ineficiência do sistema de ensino na democratização das variantes da linguagem e pela disseminação da ideologia da língua legítima por meio das mídias comunicativas.      De fato, a insuficiência do sistema de ensino na democratização das variantes da língua está relacionada à postura adotada por muitos docentes no que tange à idealização da língua, priorizando a abordagem da norma culta padrão como única variável capaz de demonstrar conhecimento acadêmico. Isso contribui para a visão preconceituosa sobre as outras variantes, consideradas erradas, na medida em que o sistema de ensino negligencia a importância cultural dessas, exercendo a razão instrumental, condenada pelo sociólogo Theodor Adorno, devido à pedagogia escolar atual transmitir somente conhecimentos técnicos de acordo com a exigência mercadológica.       Ademais, a disseminação da ideologia da língua legítima pelos meios de comunicação compreende a visão do sociólogo Pierre Bordieu de que as classes dominadas reconhecem a língua, mas não a reconheceu. Em teoria, que vai de encontro à linguagem plural tida como objetivo das novas mídias, retoma a questão do controle social e ideológico da língua culta como distinção social, ao mesmo tempo em que a mídia discrimina as outras variantes.         É necessário, portanto, que o Ministério da Educação empreenda esforços no sentido de mitigar o preconceito linguístico em debate no Brasil, planejando a reestruturação da metodologia do sistema de ensino, com a promoção de novas formas de avaliações dos alunos, de modo a manter a variante linguística própria desses, aliada ao contato com outras variantes.       Além disso, o terceiro setor, junto à escola, deve promover ações educativas que evidenciem a importância cultural das variantes da língua na comunidade, a fim de desmitificar a ideologia da língua legítima e de incentivar a transformação social dos indivíduos com as variantes que lhes são próprias. Desse modo, o preconceito linguístico conceituado por Bagno não seria tão evidente no Brasil.