Enviada em: 14/07/2017

O Brasil possui um enorme e intenso acervo linguístico que adveio da contribuição de inúmeros povos com múltiplas nacionalidades desde os tempos coloniais até os dias vigentes. Entretanto, tal diversidade costuma gerar, na modernidade, preconceitos imbuídos em sua modalidade oral. Sabendo disso, Marcos Bagno em seu livro “Preconceito Linguístico” busca tratar a língua como um todo, tornando-a viva e diversa, bem como mostrando na variedade o caminho da comunicação.    Primordialmente, é considerável citar a notável deficiência socioeconômica vivida pelas classes desprestigiadas e excluídas socialmente que, por vezes, não têm acesso à educação formal ou obtiveram-na insuficientemente. O problema se cristaliza na medida que essas pessoas ficam fora do mercado de trabalho, pois muitos contratadores observam atentamente o falar tido como “errado” e o nível de educação dos interessados, o preconceito linguístico vai além do viés da gramática normativa atingindo esferas políticas e sociais.   Além disso, a mídia evidencia prejulgamentos, na medida que mostra em personagens de telenovelas imagens distorcidas de regionalidades, como também eleva outras. Os nordestinos, por exemplo, são encenados como pessoas grossas de sotaque forçado e tidas quase sempre como matutas ou atrasadas. Conforme Marcos Bagno a ideia do português correto é inexistente, a partir do momento que linguagem cumpre sua função comunicativa ela não pode ser considerada um erro. Outrossim, Camões, um ícone literário, usava termos como “Frauta” em seu ilustre poema “Os Lusíadas”, todavia, atualmente, tal desvio é visto por muitos como desconhecimento e não como uma licença poética.      Diante do exposto, é impreterível que ações em prol da diversidade e aceitação vocabular oral sejam tomadas. O Governo, deve investir em escolas, principalmente nas áreas carentes visando combater a evasão escolar, bem como capacitando professores para que esses aliem a linguagem coloquial à formal. A mídia, por sua vez, deve por meio comerciais e palestras evidenciar alguns prejulgamentos a fim de evitá-los e sendo menos sugestiva em algumas produções acabando com deturpações regionais.