Materiais:
Enviada em: 15/07/2017

Não mais silenciados       Em 1924, Oswald de Andrade deixava um legado ao encabeçar o chamado Manifesto do Pau-Brasil, um movimento nativista que defendia a poesia e a identidade nacional. Porém, ao julgar pelo panorama atual, infelizmente as palavras de Andrade recaíram ao esquecimento. Fato esse evidenciado pela imposição linguística ao longo do tempo, assim como o sistemático entrave com a gramática normativa. Diante esse cenário, é importante discorrer e atenuar tal problemática.       Durante o passado colonial, a nacionalidade brasileira fora injuriada por uma veemente imposição portuguesa, comprometendo os aspectos linguísticos. Os portugueses que aqui chegaram, além de se apoderarem das riquezas existentes, instituíram sua cultura, língua e hábitos aos nativos. Isso por causa da catequização pelos padres Jesuítas aos índios, que foram coagidos a se adaptarem. Fazendo com que se desvinculassem da língua tupi-guarani e adotar a língua do colonizador como oficial. Tal controle social, executado por uma classe dominante pode implicar também na auto-rejeição de uma língua que é singular para a identidade de um povo.             Além disso, há ainda o pragmatismo que acaba por conturbar as frágeis relações entre a gramática normativa e a descritiva. Utilizando do livro Preconceito Linguístico de Marcos Bagno que destaca o fenômeno da variação linguística, ocorre que qualquer manifestação que escape do dito considerado padrão, é considerado errado e por isso motivo de aversão. Essa ação reprime o indivíduo fazendo com que o mesmo por pressão abandone o seu falar regional.        Diante o exposto, infere-se portanto, que enquanto não houver um consenso perante as variações linguísticas existentes no país, o Brasil viverá o preconceito. Por isso, é de suma importância que escolas e instituições ofereçam o ensino integrado com as diversidades de dialetos para que os pequenos desde já convivam com tal realidade da melhor forma possível. Palestras, oficinas e até adaptações nos livros didáticos podem ser feitas a fim de incutirem conhecimento e respeito. É preciso também que a norma padrão reconheça a língua falada como parte essencial para a formação cultural de um grupo e não um desvio. Além disso, o Ministério da Cultura e Educação através de campanhas possam alcançar e informar os cidadãos sobre essa temática. Sob essa perspectiva, o legado de Oswald de Andrade será de fato aplicado plenamente - valorização do linguajar brasileiro. E então, não seremos mais reféns silenciados por um língua que devia libertar.