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Enviada em: 24/07/2017

O Gueto Linguístico  De acordo com o historiador Leandro Karnal: “a não aceitação das diferenças faz do mundo um lugar horrível”. Isso porque ela é a gênese do preconceito e esse sentimento é autodestrutivo, pois quem o pratica também está sujeito a sofrê-lo. Nesse sentido, determinadas variantes linguísticas não são aceitas no Brasil. Cabe-nos analisar a motivação dessa problemática, ressaltando, sobretudo, suas consequências.  É elementar ser levado em consideração o papel da educação. Os portugueses aqui chegaram, impuseram aos ditos “selvagens” sua cultura e modo de falar, considerados superiores. Hoje, 500 anos depois, o não ensinamento das diferenças comunicativas, além da gramática normativa, pode induzir muitos alunos a considerarem tais diferenças - e os que dela compartilham - como inferiores. Assim, como afirmou Nelson Mandela, a educação poderia ser o grande motor do desenvolvimento pessoal.   Em decorrência disso, observa-se uma segregação social. De acordo com o sociólogo Elijah Anderson, nos Estados Unidos, os guetos estigmatizam os negros, que buscam “falar como os brancos” para quebrar tal estigma. O mesmo acontece no Brasil, onde muitos que reproduzem formas menos prestigiadas da língua são classificados como intelectualmente inferiores, perdendo oportunidades de emprego e ascensão social. O fato, portanto, do modo como você se expressa carregar sua classe, tende a te excluir socialmente.  Destarte, fica claro que o preconceito linguístico tem raízes no etnocentrismo e é ratificado por uma educação omissa e, além disso, mantém a marginalização social. É imprescindível que o Ministério da Educação não só, introduza na grade curricular matérias sobre o processo de formação da língua e suas variantes, visando obter maior aceitação do estudante com as diferenças. Como também, em conjunto com ONGs assistencie aqueles que não tiveram a oportunidade de estudar a variante formal, lhes ensinando-a e garantindo mais empoderamento social.