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Enviada em: 06/08/2017

Na telenovela "Êta mundo bom!", exibida pela rede Globo, o personagem Candinho é, frequentemente, alvo de apelidos pejorativos por causa do seu modo de falar. Longe das telas, apesar da dinamicidade da língua, casos de preconceito linguístico entre as regiões e com zonas rurais são comuns.                   O sotaque nordestino é, corriqueiramente, retratado na mídia de forma depreciativa e insultuosa. Por conseguinte, evidência-se, ainda mais, a marginalização e a exclusão das pessoas do Nordeste em relação às pessoas das regiões do Centro-sul brasileiro, de acordo com Marcos Bagno. Tal pensamento leva à conclusão de que há uma associação entre a língua e a condição social e localização geográfica do indivíduo.             Convém notar, outrossim, que os interioranos também sofrem discriminação por causa da fala. Ainda que em um mesmo Estado, os moradores da zona rural são tachados como intelectualmente inferiores aos da zona urbana. Tal fato revela que a noção de superioridade está relacionada, sob esse aspecto, ao conhecimento da norma padrão do português, mesmo quando se diverge da língua cotidianamente falada.             Posto isso, percebe-se a imprescindibilidade de transpor esse preconceito. A mídia, juntamente com o Ministério da Cultura, deve investir em novelas e filmes nacionais que retratem, dignamente, a variedade linguística brasileira, mostrando que não há forma superior ou inferior de falar o idioma. Ademais, as escolas podem ensinar aos estudantes as origens dos sotaques brasileiros e das linguagens regionais em aulas lúdicas que abordem essa temática, com o intuito de revelar as heranças socioculturais da nação. Com essas pequenas e significativas mudanças, construir-se-á uma sociedade com menos desigualdade sociocultural.