Materiais:
Enviada em: 10/08/2017

Durante a primeira fase modernista, autores como Oswald de Andrade e Manuel Bandeira utilizaram a poesia para valorizar a linguagem coloquial. No entanto, essa valorização não acontece na vida de muitas pessoas, visto que o preconceito linguístico é uma forma de discriminação muito presente na sociedade brasileira.    Em "Modernidade Líquida", o sociólogo polonês Zygmunt Bauman discorre sobre a superficialidade e a efemeridade dos relacionamentos humanos. Para ele, os laços estão cada vez mais frouxos e líquidos. Por certo, sua teoria se relaciona com o preconceito linguístico, isso porque a estrutura social brasileira embasada na falta de altruísmo e valores egocêntricos, possui uma visão de que esse preconceito é mais que linguístico, é cultural e social. Dessa forma, muitas pessoas consideram sua maneira de falar, suas gírias e sotaque, superiores aos de outros grupos, não respeitando as variações da língua e suas particularidades regionais — que são muito existentes em um país que sofreu várias influências e que possui dimensões continentais como o Brasil.    Ainda nesse contexto, esse preconceito — reflexo do preconceito regional, de classe e social — gera muitos efeitos na vida de várias pessoas. Assim, ele é difundido na mídia, em que pessoas com sotaque nordestino são ridicularizadas e colocas em papéis socialmente inferiores e marginalizados, e nas escolas, onde crianças são zoadas e apelidadas por colegas e professores devido ao seu modo de falar. Desse modo, a língua é vista como um "termômetro social", gera opressão e hierarquização. Na literatura, isso é evidenciado na obra "Vidas Secas", de Graciliano Ramos, em que os integrantes da família de Fabiano não têm o "poder da fala" e são inferiorizados e agredidos socialmente.    Fica claro, portanto, que o preconceito linguístico é muito difundido na sociedade brasileira e precisa ser amenizado. Com isso, faz-se necessário que o Estado realize campanhas em ambientes públicos e na internet, promovendo a valorização da linguagem sem estereótipos. Além disso, as escolas devem mudar os hábitos opressores, mostrando a riqueza das variações linguísticas. Por fim, a mídia, por meio de novelas, deve parar de inferiorizar sotaques e deve valorizar os diversos dialetos. Talvez assim. consigamos um país cujas variações da língua sejam respeitadas e valorizadas de forma igualitária.