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Enviada em: 15/10/2017

Nacionalismo Ufanista      Na obra “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, do escritor Lima Barreto, o protagonista goza de uma imagem extremamente positiva do Brasil que, na opinião dele, precisa apenas de alguns pequenos ajustes para tornar-se uma nação desenvolvida. Atualmente, o país ainda enfrenta uma série de problemas, dentre eles o preconceito linguístico, muito frequente e danoso a sociedade, visto que atenta contra a diversidade cultural. Esse quadro perdura, principalmente, pelo impacto das mídias audiovisuais somado à influência do meio.        Primeiramente, é notório que a atuação negativa dos meios de comunicação está entre as raízes do problema. De acordo com o filósofo alemão Max Horkheimer, a mídia tem o poder de manipular os hábitos e os valores morais de uma população. Nesse sentido, pode-se observar que a predominância do sotaque paulista e carioca nos programas de rádio e televisão transmitidos para território nacional cria uma falsa concepção de que há uma maneira correta de pronuncia, sendo essa concepção responsável por legitimar atos de discriminação a falantes de outras regiões do país. Além disso, o segmento social em que o indivíduo está inserido intensifica esse fenômeno.     De acordo com filósofo e psicólogo alemão Kurt Lewin, o comportamento do ser humano é consequência de uma junção entre características pessoais e interferência do ambiente. Nesse sentido, fica evidente que se a pronuncia de alguém é considerada incorreta por grande parte da população, seja por ser de outra região seja por problemas vocálicos, essa percepção equivocada irá se enraizar culturalmente e influenciará outros indivíduos a compartilharem da mesma visão, gerando assim um ciclo de discriminação.        Denota-se, portanto, que o preconceito linguístico constitui um sério desafio para o país e precisa ser combatido. Posto isso, é imperativo que a mídia e as escolas atuem para amenizar a problemática. À mídia, compete a inserção de mais personagens, ancoras e correspondentes com sotaque de outras regiões, objetivando descontruir a falha idéia de uma única maneira correta de pronuncia. Paralelamente, a escola deverá optar pela conscientização sobre a temática por meio de dinâmicas de grupos e jogos educativos, em vez de palestras e aulas que são impopulares entre os alunos, objetivando tornar a educação mais persuasiva e formar jovens mais atentos e conscientes às diferenças linguísticas. Assim, com Estado e sociedade civil e unindo forças em prol de um país mais justo e humano, construir-se-á o Brasil que Policarpo Quaresma tanto exaltava.