Materiais:
Enviada em: 08/08/2017

No início do século XX, o escritor austríaco Stefan Weig mudou-se para o Brasil devido à perseguição nazista. Bem recebido e impressionado com o potencial da nova casa, escreveu um livro cujo título é repetido até hoje: "Brasil, o país do futuro". Entretanto, quando se observa o acentuado preconceito linguístico em nossa sociedade, percebe-se que a profecia ainda não se cumpriu. Nesse sentido, é preciso entender as causas para solucionar a problemática.       A princípio, o drama encontra paralelo na segregação linguística regional. Nesse contexto, no Brasil, o preconceito é secular, profundo e enraizado nas relações sociais. Assim, ao longo das décadas, o nosso regionalismo traz em sua marca o estigma do "apartheid social". Exemplo notório de tal problema está no acentuado  sentimento hostil com os nordestinos. O linguajar dos mesmos, em algumas regiões, é tratado com desrespeito e desvalorização frente a cultura nacional.       Outrossim, a visão generalista e "gramatiqueira" da educação brasileira potencializa tal efeito. Desse modo, segundo Marcos Bagno, mestre em sociolinguística, o efeito da gramática tem sido superveniente ao da língua. Assim, a análise do especialista mostra que a grade nacional curricular nacional, durante décadas, privilegiou, erradamente, o modelo sistêmico e objetivo da Língua Portuguesa, deixando de  lado a importância das variantes regionais, locais e culturais dos falantes.        O combate ao preconceito linguístico, portanto, deve tornar-se efetivo, uma vez que representa um retrocesso social. Dessa forma, urge que a imprensa, por meio de campanhas, deve fomentar a valorização das variantes linguísticas, reduzindo, assim, o preconceito. Além disso,o  Ministério da Educação, mediante portaria, deve acrescentar na grade curricular educacional básica as matérias de sociolinguística, com intuito de ensinar, aos escolares, as diversas variantes da nossa língua. Assim, com essas medidas, talvez, a profecia de Zweig torne-se realidade no presente.