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Enviada em: 31/08/2017

O poder da língua       A linguagem é uma ferramenta essencial para a vida em sociedade. Não obstante, ela pode ser um instrumento de manutenção do poder que nem sempre corrobora para o bem-estar de todos.    Ao longo da história, os povos ocidentais têm tido uma visão extremamente positivista dos acontecimentos. Sempre buscando fatos e documentos oficiais, eles acabaram excluindo formas de comunicação muito relevantes, contribuindo assim, para a desvalorização de determinadas variações linguísticas e formas de expressão.       A consequência imediata disso é o preconceito linguístico. Desde o "achamento" do Brasil, camadas com menos privilégios e poder têm suas variantes linguísticas menosprezadas e aculturadas. Fato que fica evidente na carta de Pero Vaz de Caminha enviada ao rei de Portugal, descrevendo a língua indígena como inferior por não possuir o "F", o "R", e o "L"; explicando assim a suposta ausência de "Fé", "Rei" e "Lei" em sua sociedade.           Atualmente, o preconceito se camufla na gramática normativa. Parte da elite letrada brasileira supervaloriza a norma culta, desconsiderando que ela não foi feita para ser seguida à risca e que a linguagem é uma ferramente viva que depende do contexto dos interlocutores.        O apreço por determinadas variações linguísticas em detrimento de outras é natural. Entretanto, classificá-las como "certas" ou "erradas" é um equívoco que precisa ser reparado. Por isso, faz-se necessária a criação, pelo poder Legislativo brasileiro, de uma lei que criminalize esse tipo de preconceito, multando os responsáveis. A mídia também tem papel crucial na diminuição do problema, tendo a responsabilidade de dar maior visibilidade às camadas populares evidenciando a riqueza e diversidade da língua portuguesa. Por fim, a escola e a família devem trabalhar juntas para ensinar os jovens brasileiros que a linguagem é muito mais do que apenas a gramática normativa.