Materiais:
Enviada em: 07/09/2017

"O conhecimento nos faz responsáveis".Assim dizia o revolucionário cubano Ernesto Che Guevara,que tem sua tese cabível no que tange ao preconceito linguístico.Em face disso,tal questão,que envolve tópicos diversos,está entre os diversos tipos de preconceitos que se manifestam com frequência no convívio social e emerge como forma de discriminação dentro de uma relação desigual de expressividade.Urge,assim,a sua elevação à condição de desafio ao Poder Público,à sociedade e às instituições educativas.       Em primeiro lugar,o preconceito linguístico é,de fato,fruto de uma herança histórico-cultural entre língua e gramática.Os colonizadores deixaram suas marcas culturais,mesmo que indiretamente,refletindo no desenvolvimento das relações sociais.As variações diatrópicas-de acordo com o lugar-,diafásicas-de acordo com a situação e diastráticas-de acordo com a classe econômica são tópicos que evidenciam a enorme variedade linguística no Brasil,por exemplo.Nessa ótica,cria-se um cenário de desigualdade,em que os não detentores da norma culta acabam sendo enquadrados como "errados" ou mesmo como "burros".Isso se deve,sobretudo,à existência,hoje,de um paradigma que sustenta o termo "língua correta" representada pelos meios de comunicação,pelos instrumentos tradicionais de ensino e pelos próprios pais,em casa,junto aos filhos.      Em segundo lugar,nessa ótica,cumpre destacar que as mais diversas formas de falar e de interpretar a língua não é denominada correta aos que estudaram o que a escola e o que a mídia impuseram de gramática normativa,considerando prejudicial à educação a diversidade do português falado no Brasil,por exemplo.Ademais,segundo o Conselho Federal da Educação-CFE-,o preconceito linguístico como sendo discriminador reflete na sociedade,marginalizando o indivíduo e o tornando refém de gozações,como os paulistas acharem que todo nordestino fala igual,com a presença de "oxe" ou de "vish maria" no vocabulário; bem como os nordestinos acharem que todo paulista pronuncia a letra R de forma enrolada,como um indivíduo do interior.     Logo,é imprescindível que o Poder Público intervenha por meio do investimento em educação,ciente das variações linguísticas,começando a abolir os métodos tradicionais que impõem a gramática normativa como comum a todos os indivíduos.Cabe ao Governo,também,a utilização da mídia como instrumento de democratização,reconhecendo que a diversidade do português falado no Brasil,por exemplo,é um passo fundamental na construção da história sociolinguística.Por fim,a sociedade,junto às instituições educativas,deve instruir os jovens desde cedo a fim de combater as diferenças e perpassar por toda as gerações.Assim,o preconceito linguístico poderá ser,quem sabe,extirpado,de vez.