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Enviada em: 18/09/2017

O Preconceito Camuflagem    O modo como Gramática é ensinada, nas escolas, contribui para a propagação da noção de correto e errado na língua. Com isso, muitas pessoas acabam descriminando os outros pela maneira como falam. Assim, é possível afirmar que o preconceito linguístico é um ato de ignorância enraizado na sociedade, uma vez que a língua é heterogênea e a padronização é, meramente, resultado de imposições da classe dominante.    É válido apontar, antes de tudo, que a língua não é homogênea, pois existem várias formas de se dizer a mesma coisa em um determinado contexto. Segundo o linguista americano William Labov, a língua é resultado da interação humana e, com isso, o homem pode adequá-la conforme sua necessidade, ocasionando variações em seu uso. Desse modo, não se pode julgar como "errada" a divergência de falares entre sujeitos, visto que a variação é um fenômeno natural que ocorre em várias escalas, seja na regional, social e outras.     Embora haja muitos avanços referentes aos estudos da sociolinguística, este tipo de intolerância ainda existe porque está atrelada a uma questão histórica-ideológica de dominação política. Na história do país, convencionou-se que uso da norma correta era realizado apenas pelas classes de maior prestígio social. Para Marcos Bagno, o preconceito linguístico é um disfarce para o preconceito social. Assim, as classes mais marginalizadas são as mais propensas a este tipo de preconceito.       Portanto, o preconceito linguístico deve ser admitido e combatido. Primeiramente, as escolas deveriam fazer uma abordagem mais aprofundada sobre esse tema, trabalhar, nas aulas de Português, todas as variantes existentes na língua, esclarecendo suas ocasiões de uso. Além disso, a mídia deveria parar de estereotipar os personagens de acordo com a sua maneira de falar e investir em campanhas que ajudem a desconstruir essa camuflagem do preconceito social.