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Enviada em: 13/09/2017

Palavras ao vento também machucam     Ao declamar: "Não troco o meu 'oxente' pelo 'ok' de ninguém", o dramaturgo Ariano Suassuna traz à tona uma crítica reflexão acerca da problemática sobre o preconceito linguístico no cenário nacional. Tal flagelo social, motivado, em parte, por um lamentável preconceito de grande parte da população, aliado de uma ínfima importância dado ao tema, é responsável por vulgarizar não somente as vítimas de atos hediondos, como também a própria Constituição Federal ao infringir o direto da liberdade cultural.              Cabe, antes de tudo, destacar que variações geográficas e até mesmo culturais são responsáveis pela criação de marcas próprias de um povo, cujo somente tem a contribuir com a construção social e com o enriquecimento da nação. Entretanto, é indubitável a presença de um danoso preconceito praticado por densa parcela populacional, cujo desrespeita e humilha o diferente por julgar-se, em grande parte dos casos, superior ou "mais educado". Em constatação a isso, cabe citar a obra "Dom Casmurro", do autor Machado de Assis, por ilustrar esse comportamento na personagem Escobar, representando o ódio frente ao diferente.       Além disso, torna-se significativo destacar o descaso sobre como a problemática é trabalhada no país, tendo a impunidade como um principal responsável. A respeito do citado, é lúcido afirmar que muitas ocorrências, por não serem consideradas verdadeiramente "crimes" dentro da legislação, são deixadas de lado e geram a cada dia mais vítimas de um desrespeito - moral e cidadão - em suas vidas. Um exemplo a isso são as próprias redes sociais, cujo discurso de ódio e comentários bárbaros são proferidos, em sua maioria, sem punição aos culpados, contribuindo com a intensificação desses casos e com a chamada "violência simbólica", trabalhada pelo filósofo Bourdieu, cujo traz danos à saúde mental e corrobora para uma maior segregação entre as regiões brasileiras, ferindo o famoso do conceito de "O Brasil de vários Brasis".      Face a esse impasse social, é prudente, por conseguinte, a ação em conjunto de instituições de ensino e da família em ensinar os preceitos sobre ética e empatia, com o propósito de educar e sensibilizar por meio de palestras e oficinas em horários extracurriculares, os jovens e seus responsáveis, de modo a evitar a disseminação de comentários preconceituosos e no ensino do respeito ao próximo. Ademais, urge ao Ministério Público em conjunto do Legislativo, a criação de uma lei com o objetivo de punir, de forma efetiva, os responsáveis por proferir palavras ou atos desrespeitosos com as vítimas por meio de penas mais rígidas e/ou multas, afim de diminuir e erradicar a ocorrência dos mesmos, bem como assegurar a justiça aos vitimados.