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Enviada em: 17/09/2017

Há certo e errado na língua? O preconceito linguístico se baseia na crença de que só existe uma única língua portuguesa digna desse desse nome e que seria a língua ensinada nas escolas, explicada nas gramáticas e catalogada nos dicionários. Tal preconceito é um grave problema presente no Brasil devido à marginalização social que ele provoca. Essa marginalização ocorre quando um Estado escolhe uma variedade linguística para ser a oficial. Evidentemente qualquer processo de seleção implica um processo de exclusão. Quando, em um país, existem inumeras variedades linguísticas faladas, e uma delas se torna a oficial, as demais passam a ser objeto de repressão. Lélia Gonzales, ex-professora da PUC-RJ, em suas pesquisas explicitou o preconceito racial existente na própria definição de língua materna brasileira: a sociedade goza de alguém que fale ''bicicreta'', ''framengo'',''prástico'', é ignorado o fato de que a letra R ser usada no lugar do L nada mais é do que uma marcada linguística de um idioma africano, no qual o L inexiste.  Outro estudioso do tema, Marcos Bagno, professor da Universidade de Brasília, afirma que a ciência linguística já provou que não existe nenhuma língua no mundo que seja homogênea. Toda e qualquer língua humana viva apresenta variação em todos os seus níveis estruturais (fonologia, morfologia, sintaxe, léxico) e em todos os seus níveis de uso social (variação regional, social, etária, estilística).  A partir dos ensinamentos de Paulo Freire, que dizia: ''se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda'', é possível afirmar que o combate ao preconceito linguístico deve passar pelas escolas, do Ensino Fundamental ao Médio. Logo, o Governo Federal, por meio do Ministério da Educação, deve realizar cursos para capacitar os professores de Letras a não só ensinarem gramática, mas também abordarem o aspecto social da língua, de modo que os alunos aprendam a não estigmatizar quem fala diferente.