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Enviada em: 18/10/2017

O filme "My Fair Lady" aborda a história de um linguista britânico que decide ensinar uma mulher a pronúncia elegante para que não aparente sua pobreza. Nesse contexto, a evidente segregação social motivada pelas diferentes variações da linguagem, infelizmente, é bastante presente na sociedade brasileira. Dessa forma, surge um preconceito linguístico, seja pela errônea percepção de correção, seja pela ignorância quanto ao objetivo comunicativo, que deve ser atenuado em prol da igualdade.       Em primeira análise, parafraseando o filósofo Aristóteles, o erro social parte da ignorância humana. Assim, o lapso de segregar de acordo com a linguagem parte da ignorância sobre o estudo da língua. Isso porque é, de fato, ignorante aquele que fraciona o falar ou o escrever em certo ou errado, quando, na verdade, a comunicação acontece entre adequado e inadequado. Por exemplo, pode-se considerar adequado a mesóclise na fala de um juiz, mas não é pertinente afirmar que a universalização da ênclise é errada na coloquialidade. Portanto, é imprescindível que ações para quebrar o preconceito linguístico centrem-se no alerta à população sobre a adaptabilidade da língua acima da norma padrão.        Outrossim, a Teoria Moderna da Comunicação anuncia que a concretude da linguagem acontece quando a conexão entre emissor e receptor se dá com sucesso. Dessa forma, quando se transgride a norma padrão, mas, de igual forma, transmite a mensagem com sucesso, é considerado que a linguagem cumpriu sua função. Então, quando há distorções na fala ou escrita, como a troca de problema por "probrema", o sentido comunicativo não é alterado e, inclusive, facilita sua dinâmica, ou seja, não há motivo para a taxar de inferior diante dos padrões cultos. Portanto, faz-se necessário reavaliar, culturalmente, a questão de superioridade entre duas formas distintas de expressão.             Logo, as variações linguísticas não devem ser alvo de preconceito, já que, apesar de distintas, todas dependem do contexto utilizado, acima de correção, e cumprem o mesmo papel de transmissão da mensagem. Nesse sentido, para que a segregação social a partir de tal preconceito seja atenuada, é incumbência do Ministério da Educação ensinar os alunos sobre os diferentes contextos de comunicação, por meio da inserção desse assunto no estudo de português, com o objetivo de criar futuros cidadãos que compreendam as variações existentes na língua. Ademais, ONGs devem promover a disseminação do conhecimento sobre tipologias de texto e seus modelos, a partir de palestras gratuitas nas comunidades, a fim de evitar que indivíduos sem educação formal sejam oprimidos por sua linguagem. Por último, é fundamental que canais de TV quebrem a estereotipação advinda das variações linguísticas, por intermédio da inclusão de personagens que representem as oscilações da língua, de forma a habituar a população com essas e atenuar o preconceito.