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Enviada em: 28/10/2017

Na obra “Preconceito Linguístico: o que é, como se faz” de 1999, o linguista e filósofo Marcos Bagno aborda sobre os diversos aspectos da língua, ressaltando que seu uso pelas diferentes pessoas não deve ser considerado certo ou errado. Entretanto, os frequentes casos de discriminação decorrentes da forma de falar de alguém mostram que uma grande parcela populacional não segue a linha de raciocínio do pensador. Neste sentido, é preciso que a nação entenda a língua portuguesa possui variedades e que uma não deve ser considerada superior à outra.    É relevante abordar, primeiramente, a importância da extensão territorial no Brasil. Em um lugar que possui dimensão territorial que pode corresponder a um continente, é natural que várias regiões apresentem características na forma de falar, léxico e sotaques diferentes. Assim, é comum que certas gírias ou bordões sejam utilizados em determinado local e ser desconhecido em outro. Porém, os casos de intolerância são presentes até mesmo no próprio estado, no qual o cidadão da capital se sente no direito de julgar o morador do interior, por exemplo. Dessa forma, esse tipo de preconceito vai se banalizando na medida em que nada é feito pelo governo.    Somado a isso, a mídia tem um papel fundamental na disseminação dessa problemática. Programas midiáticos, como novelas, rádios e filmes nacionais, possuem um poder de persuasão da grande massa, e desta maneira, ao retratarem de forma preconceituosa, por exemplo, personagens nordestinos com um sotaque considerado inferior, ou sem escolaridade e sendo debochados por outros, promovem que essa discriminação seja introduzida na sociedade. Desse modo, como a maioria dos telespectadores não possuem uma concepção mais ampla do idioma, de sua capacidade diversificadora e heterogênea, disseminam práticas intolerantes influenciadas por esses meios.    Fica evidente, portanto, que essa questão deve ser combatida. Uma ação entre o Governo e a Mídia deve ser feita, promovendo um maior respeito à diversidade de fala do brasileiro através de propagandas, e, caso a pessoa seja uma vítima, pode buscar a lei para se defender; para que esses casos diminuam e as variedades de fala sejam respeitadas em qualquer ambiente. Juntamente a isso, a escola é muito importante para que isso se transforme em longo prazo: é necessário que os professores ensinem a gramática culta e que respeitem as variedades individuais do aluno, para que esse futuramente se adapte de acordo com o contexto em que está inserido, usando a fala coloquial em ambientes informais, mas que saiba usar a norma culta em locais adequados. Assim, uma sociedade mais tolerante e respeitosa será formada.